sexta-feira, 5 de janeiro de 2018

PRECÁRIA DE VIDA!

Segundo um estudo do Observatório sobre Crises e Alternativas, do Centro de Estudos Sociais a economia portuguesa, mesmo nesta fase de melhores resultados, mostra um trajecto claro de precariedade nas relações laborais.
Como é sabido, os gurus do neoliberalês entendem a que a flexibilidade do mercado de trabalho é uma das peças fundamentais para o desenvolvimento económico.
nesta perspectiva Portugal está no bom caminho, tem um dos maiores indicadores europeus de contratação a prazo.
Neste cenário, os desequilíbrios fortíssimos entre oferta e procura em diferentes sectores, a natureza da legislação laboral favorável à precariedade e insensibilidade social e ética de quem decide, promovem a proletarização do mercado de trabalho mesmo em áreas especializadas ou mesmo o recurso a uma forma de exploração selvagem com uma maquilhagem de "estágio" sem qualquer remuneração a não ser a esperança de vir a merecer um emprego pelo qual se luta abdicando até da dignidade.
Acontece ainda que alguns dos vencimentos que se conhecem, atingindo também camadas altamente qualificadas, não são um vencimento, são um subsídio de sobrevivência.
É justamente a luta pela sobrevivência que deixa muita gente, sobretudo jovens sem subsídio de desemprego e à entrada no mundo do trabalho, sem margem negocial, altamente fragilizadas e vulneráveis, que entre o nada e a migalha "escolhem amigavelmente" a "migalha", ou mesmo uma remota hipótese de um emprego no fim de período de um indigno trabalho gratuito.
É um desastre, grave e dramático é que as pessoas são "obrigadas" a aceitar. Os mercados sabem disso, as pessoas são activos descartáveis.
Acontece que a precária de vida paga em migalhas que a maior parte da gente nova por cá vai arrranjando, em alternativa ao desemprego ou à partida para longe, impede projectos de vida viáveis, com potencial de realização pessoal, com horizontes razoáveis, que possam incluir projectos de maternidade ou paternidade necessários num país que atravessa um profundo inverno demográfico. Inibe a criação de condições de autonomia e independência face às gerações dos seus pais que também têm os seus rendimentos ameaçados, Tudo para eles é precário.
Mas .... é a economia, estúpido.
Parece que o desenvolvimento se consegue assim, com precariedade e baixos salários, dizem os cérebros do neoliberalês que de precário apenas têm garantido o corpo que habitam e só porque ainda não foram capazes de comprar a eternidade.
Tudo o resto lhes está assegurado.

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