sexta-feira, 2 de junho de 2017

DA CONVERSÃO

Como assinalei em texto de há pouco tempo registo com agrado a trajectória de Alexandre Homem Cristo, um dos falcões do Observador, nos seus "ensaios" sobre educação.
Depois de um “ensaio” sobre questões curriculares em que exprime uma visão globalmente positiva do conjunto de alterações que em matéria de currículo o ME propõe colocar em período experimental no próximo ano lectivo assentes no Perfil do Aluno para o Séc XXI e que serão inspiradas na visão e modelo finlandês produziu um novo ensaio sobre o número de professores no qual desmontou os argumentos que têm servido de base à promoção da “grande marcha de professores para fora do sistema”, o abaixamento do número de alunos e a sempre presente afirmação de que o rácio entre professores e alunos estava na média europeia.
Agora Alexandre Homem Cristo debruça-se sobre os exames nacionais no secundário e levanta três questões essenciais, “Os exames nacionais (quase) só medem a memorização”, “Os exames nacionais estão a medir as aprendizagens de forma fiável? E, finalmente, “O acesso ao ensino superior está a estrangular os exames e o ensino secundário”. O trabalho do Público também sobre os exames ilustra algumas destas dúvvidas.
Estas questões, nomeadamente as duas primeiras sempre se levantaram, designadamente no regime educativo examocrata instituído por Nuno Crato tão incensado por Alexandre Homem Cristo.
É, no entanto verdade que num texto de 2105 Alexandre Homem Cristo se referia criticamente aos exames mas culpando os professores pela seu mau uso.
Quanto à utilização dos exames nacionais como critério exclusivo (quase) para o acesso ao superior de há muito defendo a separação deste processo, finalização e certificação de conclusão do secundário e acesso ao superior. Aliás coloquei há já algum tempo um artigo no Público defendendo isso mesmo.
Um dia destes Alexandre Homem Cristo estará convertido e transformado num “facilitista” “eduquês” negando veementemente tudo o que escreveu durante o consulado de Nuno Crato.
No entanto, gosto de o ver a viajar por estas ideias (algumas) meu caro, mudar é um sinal de inteligência.

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