quarta-feira, 26 de abril de 2017

TOLERÂNCIA

Foi agora confirmado que o Governo concede tolerância de ponto aos funcionários da administração pública no dia 12 de Maio, o dia da visita do Papa Francisco a Fátima para comemorar as “visões imaginativas” das crianças mais conhecidas por pastorinhos, dois dos quais vão ser canonizados pelo Papa nessa ocasião.
A administração das designadas tolerâncias de ponto sempre foi uma excelente ferramenta de acção política, razão pela qual a tradição em Portugal sempre foi de alguma generosidade nessa matéria.
Assim, a decisão de conceder com regularidade tolerâncias de ponto à administração pública inscreve-se nessa acção política, nada como um tempinho de férias extra em tempos de crispação e dificuldade até porque ... temos eleições, “Honni soit qui mal y pense”.
Alguns terão a tentação de entender que sendo Portugal um estado laico não deveria a visita do Papa não justifica tal medida assim como a visita do Chefe de Estado do Vaticano não é argumento. É verdade que vigora a Concordata mas também não serve de base a esta decisão e que carece de coragem política para a sua revisão.
Claro que a questão não tem rigorosamente a ver com as eventuais convicções religiosas das centenas de milhares de funcionários da administração, trata-se de política pura e dura, oportunista, pequenina, à medida do Portugal dos Pequeninos.
Por outro lado, um Governo tolerante é algo de muito importante e significativo em tempos de chumbo carregados de intolerância.
Como sabem, a tolerância é um bem precioso na vida das comunidades e uma das dimensões mais importantes da democracia. A luta pela democracia tem sido a luta pela tolerância.
Mais a sério, trata-se de uma decisão que não se pode sustentar.

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