sábado, 17 de dezembro de 2016

OS RANKINGS MOSTRAM TUDO. BEM, QUASE TUDO

Aí está o produto sazonal que dá pelo nome de “rankings escolares”.
Não tenho nenhuma atitude fundamentalista face à sua construção, sobretudo considerando a evolução que se tem verificado nos últimos anos, quer na disponibilização de informação por parte do ME para além dos “meros” resultados da avaliação externa, quer na forma como essa informação é tratada e divulgada por diferentes entidades.
E a verdade é que os rankings mostram tudo.
Mostram que genericamente as escolas privadas apresentam melhores resultados e que também existem escolas privadas com resultados mais baixos.
Mostram que a maioria das escolas que mais discrepância apresentam entre a avaliação externa e a avaliação interna, sendo esta "inflacionada", são privadas. 
Mostram que existem escolas públicas com bons resultados e escolas públicas com resultados menos bons.
Mostram que existem escolas que face ao contexto sociodemográfico que servem conseguem bons resultados ou, pelo menos, progresso no trajecto dos alunos e que existem escolas públicas que ainda não conseguem contrariar o destino de muitos dos seus alunos. Aliás, até existe uma “escola de maioria africana” que ficou entre as “10 primeiras a Português”. Uma “escola de maioria africana”?!
Mostram que existem muitos alunos que, por várias razões inclusivamente por convite das escolas que desistem das disciplinas, entram numa espécie de clandestinidade  a que se chama aluno “externo” ou “autoproposto” pelo que  o olhar sobre os rankings deve ser cauteloso.
Mostram que o nível de retenção é elevado e que o recurso à retenção não faz subir os resultados dos alunos.
Mostram que a menor dimensão das turmas pode em escolas em contextos menos favoráveis promover a melhoria de resultados.
Mostram que a tradição ainda é o que era, pais (mães) mais escolarizados, têm, potencialmente, filhos com melhores resultados.
Mostram que a escola, os professores, fazem a diferença.
Mostram ainda que se continua a falar de “melhores escolas” e “piores escolas” enviesando as várias leituras possíveis.
Mostram que …
Enfim, os rankings mostram tudo, só não mostram o que se fará a seguir com a informação que os rankings mostram. Na verdade, também não mostram o que não se pode medir mas se pode avaliar e que é tão essencial como o que se mede.
Uma nota final, eu sei que é o mercado a funcionar mas continuo embaraçado com a inserção de publicidade a escolas privadas e ao ensino privado nos suplementos dos jornais dedicados aos rankings.

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