quarta-feira, 11 de novembro de 2015

NÃO PODEM FALHAR. A HISTÓRIA NÃO VOS ABSOLVERÁ

Não é conhecida a decisão que o Presidente da República tomará relativamente ao Governo do País. Nos termos constitucionais parece claro que António Costa deveria ser indigitado para formar Governo face ao acordo com maioria parlamentar estabelecido entre PS, BE e PCP.
No entanto, Cavaco Silva poderá tomar outra decisão que lhe permita evitar ficar com uma montanha de sapos a caminho do estômago. A ver vamos.
Como muita gente diz, são tempos históricos e, do meu ponto de vista, uma oportunidade única para recolocar a política aos serviço das pessoas. Uma nota. Não sou simpatizante fidelizado de nenhum dos partidos signatários do acordo o que não obsta a que tenha um posicionamento de natureza ideológica, sim ideológica, que me faça assumir a esperança num tempo diferente.
Para isso é preciso que, por uma vez, se coloquem interesses nacionais acima de interesses partidários, característica persistente do nosso universo político.
Para isso é preciso que uma agenda para as pessoas, para todas as pessoas, se sobreponha a uma agenda para algumas pessoas, os aparelhos partidários e a corporação de interesses que envolve. Estamos todos bem cientes do que têm sido décadas de partidocracia instalada e das suas consequências.
É também claro, basta ler e ouvir muitos opinadores e os títulos de parte da imprensa para perceber como um eventual Governo de esquerda vai ser recebido, será o caos, a catástrofe. Este discurso tem autores, individuais e institucionais, nacionais e, evidentemente, internacionais, estamos na era da globalização. O dilúvio que estes profetas anunciam vai surgir logo agora que estávamos à beira do paraíso. Foi coincidência e nem se percebe porque é que a maioria absoluta das pessoas que votaram não votaram na continuidade das políticas mesmo tendo sido prometido algum alívio na "intensidade" da austeridade.
Para o cenário de catástrofe ser completo, dirão alguns, faltará a eleição presidencial de Sampaio da Nóvoa, também um perigoso pensador posicionado à esquerda do espectro político. As hesitações e deriva do PS nesta matéria podem dar uma "ajuda" a Marcelo Rebelo de Sousa uma vez que a inócua e fabricada candidatura de Maria de Belém, é isso mesmo, inócua do ponto de vista da esquerda e um "favorzinho" ao mediático "entertainer político". Também aqui, por razões que já tenho referido me parece essencial que em Belém resida alguém que cuja candidatura emerge da cidadania e não da partidocracia sem que isso signifique a hostilização dos partidos, instrumentos essenciais da democracia nos termos da Constituição.
De tudo isto resulta que, se como espero, o Governo com o apoio da esquerda vier a tomar posse os signatários estão condenados a não falhar na criação de condições que o viabilizem e sustentem num horizonte temporal de legislatura e com estabilidade.
As dificuldades internas e externas serão imensas, veja-se o trajecto da Grécia, os mercados e e os seus servidores desejam um falanço que devolva o poder a quem os serve. Podemos, aliás, ter a certeza de que se esforçarão nesse sentido.
Para isso é fundamental que o PS não cometa erros crassos cometidos em anteriores experiências governativas. É preciso que BE e PCP, independentemente dos seus programas, sustentem entendimentos comuns em matérias que assegurem governabilidade e estabilidade. Vai ser requerida uma lucidez e um escrutínio de equilíbrios e prioridades como nunca sentimos.
Como não estávamos num paraíso construído pelo PSD e CDS-PP também não vamos entrar num paraíso construído pelo PS, BE e PCP. As dificuldades continuarão imensas. O caminho vai ser difícil, os obstáculos e armadilhas vão ser muitos e grandes, a margem de erro é estreita, mas não podem falhar na construção e manutenção de uma outra via mais amigável para as pessoas. É esse o sentido da mudança que desejamos.
Não podem falhar por responsabilidade vossa. A história não vos absolverá.

3 comentários:

Jorge Morgado disse...

Sem dúvida, perfeitamente de acordo, o tempo o dirá mas, mesmo estando fora do meu País precisamos de uma lufada de ideias novas, atitudes e acções que façam com que alguma esperança apareça. Continuaremos amarradas à Europa mas, com uma cara diferente que, a meu ver, já fazia falta e de que maneira. Fui seguindo com alguma atenção o desenvolvimento do dia da queda do executivo e reparei curiosamente nalgumas declarações de PP, achei fantásticas, ele próprio que por uma birra, ia fazendo cair o anterior executivo com maioria, enfim. Abraço.

Zé Morgado disse...

Tal e qual. Abraço

não sei quem sou... disse...

Sou e sempre fui um eleitor que vagueou entre o centro esquerda (PS) e a esquerda dita radical.

Exultei com o acordo PS/BE/PC/PEV.

ACHO FENOMENAL o aumento de 0,3% para as reformas miseráveis ou seja + 1 euro por mês a partir de 2016.

Será que tenho que rever a minha vadiagem política!?


VIVA!