quinta-feira, 1 de outubro de 2015

PRECÁRIA DE VIDA

Acresce que ainda de acordo com o EUROSTAT em Portugal existiriam 248 000 jovens, 14,6%, entre os 18 e os 29 anos que não estudam nem trabalham, a geração “nem, nem”, um termo e uma dimensão devastadora. Se alargarmos ao intervalo até aos 34 anos teríamos 15.2%, 363 000 jovens e jovens adultos nessa situação. Impressionante.
É também de registar a utilização abusiva e escandalosa de estágios profissionais não remunerados, sobretudo de jovens qualificados, situação que permite aos empregadores aceder a mão-de-obra gratuita por alguns períodos de tempo, expediente que podendo ter impacto nas estatísticas não muda a vida das pessoas.
Por outro lado, a precariedade nas relações laborais quase duplicou na última década. Portugal é o segundo país da Europa, a seguir à Polónia, com maior nível de contratos a prazo. Por outro lado, as políticas de emprego em curso continuam a insistir na maior flexibilização das relações laborais.
Neste cenário, os desequilíbrios fortíssimos entre oferta e procura em diferentes sectores, a natureza da legislação laboral favorável à precariedade e insensibilidade social e ética de quem decide, promovem a proletarização do mercado de trabalho mesmo em áreas especializadas ou mesmo o recurso a uma forma de exploração selvagem com uma maquilhagem de "estágio" sem qualquer remuneração a não ser a esperança de vir a merecer um emprego pelo qual se luta abdicando até da dignidade.
Acontece ainda que alguns dos vencimentos que se conhecem, atingindo também camadas altamente qualificadas, não são um vencimento, são um subsídio de sobrevivência.
É justamente a luta pela sobrevivência que deixa muita gente, sobretudo jovens sem subsídio de desemprego e à entrada no mundo do trabalho, sem margem negocial, altamente fragilizadas e vulneráveis, que entre o nada e a migalha "escolhem amigavelmente" a "migalha", ou mesmo uma remota hipótese de um emprego no fim de período de um indigno trabalho gratuito. Como é evidente esta dramática situação vai de mansinho alargando e numa espécie de tsunami vai esmagando novos grupos sociais e famílias.
É um desastre. Grave e dramático é que as pessoas são "obrigadas" a aceitar. Os mercados sabem disso, as pessoas são activos descartáveis.

1 comentário:

não sei quem sou... disse...

Nunca se viu tanta mentira, tanto egoísmo, corrupção, arrogância e insensibilidade social desde o Império Romano. Porventura resquícios da ocupação Romana...


VIVA!