sexta-feira, 25 de setembro de 2015

CONTAR E OUVIR HISTÓRIAS

Em Beja realiza-se hoje e amanhã um encontro de gente de vários países que tem estado envolvida numa fascinante actividade, usar as histórias, o contar de histórias, integrando-as nos processos de ensino e aprendizagem. Aqui registo a propósito o trabalho notável que a Biblioteca de Beja e a Cristina Taquelim fazem neste mundo mágico das histórias.
Na verdade, o contar de histórias aos mais novos tem vindo, creio, a cair em desuso, quer em casa quer, sobretudo, nos espaços escolares.
A natureza prescritiva e normativa dos currículos, a sua excessiva extensão e intermináveis metas, a obsessão com resultados, exames e competição bem como os estilos de vida familiares contribuem para que contar e ouvir histórias seja visto como algo de inútil, coisa antiga e incompatível com os tempos modernos.
O que conta verdadeiramente, defende muita gente, são os “saberes estruturantes e instrumentais”, não essa coisa “romântica” da imaginação, criatividade e magia de ouvir e contar uma história. Também é importante que se saiba que as histórias podem ter um papel muito relevante no contexto global das aprendizagens.
Não o aproveitando …perdemos todos.
Deixem que lhes conte uma história já que neste espaço não tenho a pressão do currículo e das metas.
Era uma vez um professor, bom, já não era bem um professor porque, sendo velho e tendo havido alguém que se esqueceu de o mandar embora, ainda vinha todos os dias para escola só para contar histórias aos miúdos, dizia ele.
Não tinha família que por ele esperasse, esperava ele que os alunos viessem às histórias quando não tinham aulas a sério. E eles vinham.
As histórias que contava eram estranhas, passavam-se sempre no futuro, Nunca começavam por "Era uma vez ..", começavam antes por "Um dia lá mais à frente ...". Falavam de pessoas que os miúdos haveriam de conhecer, das coisas que haveriam de fazer, das terras onde haveriam de ir, das coisas que iriam aprender, de coisas difíceis que iriam encontrar, de coisas muito bonitas e, às vezes feias, que iriam acontecer, enfim, a partir do que eles já sabiam, mostrava-lhes o que ainda desconheciam. Era assim como se fossem histórias de adivinhar e os miúdos gostavam.
Eles só não sabiam que o professor velho, de vez em quando, em vez de ir para casa onde não tinha ninguém, ia num instante espreitar o futuro. Assim podia ajudá-los a chegar lá.

1 comentário:

Anónimo disse...



Artigo Interessante no Público sobre o Ensino Superior Universitário/Politécnico

http://www.publico.pt/portugal/noticia/o-vale-era-verde-1708898

Abraço e Bom Fim de de Semana.
Pedro.