domingo, 10 de maio de 2015

GOSTEI DE LER A ENTREVISTA DE SAMPAIO DA NÓVOA

ao Público. Do meu ponto de vista, a entrevista de Sampaio da Nóvoa representa um olhar diferente, estimulante e lúcido sobre o cenário político em Portugal e sobre a função presidencial. A lucidez que também revela ao perceber como os defensores do status quo estão a reagir e, sobretudo, vão reagir à medida que a candidatura ganhe consistência e apoio. Será difícil, mas é possível.
Sublinho a leitura de natureza proactiva dos poderes presidenciais que não pode ser um mero espectador mumificado quando não cúmplice de interesses partidário como estamos mais habituados.
É neste ponto que julgo importante reflectir também a propósito da entrevista de Sampaio da Nóvoa. De facto, à questão "Quando vier a ter apoios partidários como é que vai ser? Vão integrar-se nessa forma de fazer campanha que defende?" responde "Fico contente por utilizar o “quando”, eu teria tendência a utilizar o “se” [Risos]. Se vier a ter, as pessoas terão de funcionar no interior destas dinâmicas. É uma característica pessoal: a pior coisa que me podem fazer é tentar encostar-me à parede. Há muita arrogância no poder em Portugal. As pessoas a mim levam-me por bem, mas constrangendo-me é impossível. Eu vou fazer o possível dos impossíveis. Com uma entrega total. Mas quem vai fazer isto são os portugueses.".
E ainda à questão, "Diz-se um homem de esquerda. Nunca houve maiorias de coligação à esquerda. Acha que o sistema político está demasiado inclinado ao centro?"
Acho que mais do que inclinado ao centro, criou-se uma convicção de que só se podia governar ao centro. É o famoso “arco da governação”, que eu acho uma coisa verdadeiramente insuportável, até porque é um conceito que logo à partida exclui 20% dos portugueses. A inevitabilidade do centro é a inevitabilidade de certas políticas. Sou completamente contrário a isso."
Estas duas respostas parecem-me de profundo significado e são particularmente estimulantes. Será difícil mas é possível.
Em Portugal, como Sampaio da Nóvoa tem salientado, as presidenciais resultam de uma iniciativa individual de candidatura e, evidentemente, os partidos são uma trave mestra da democracia tal como a entendemos embora, na minha perspectiva, as praxis partidárias, centradas nos aparelhos e na luta pelo poder, fechada, tenha capturado a intervenção cívica dos cidadãos tornando- quase impossível fora da sua tutela, criando, assim, uma partidocracia que tem vindo a corroer a saúde ética da nossa democracia.
No entanto, também sabemos que uma iniciativa individual fora do espectro partidário e sem o apoio das máquinas partidárias parece inviável.
Neste contexto a candidatura de Sampaio da Nóvoa precisará do apoio do PS e de, eventualmente de outros, partidos mais à esquerda para ser bem sucedida. Acontece que apesar da recusa de António Guterres, a opção de sempre do PS, ainda não é linear que o apoio seja dirigido a Sampaio da Nóvoa, vejam-se as posições públicas de várias figuras do partido.
Por outro lado, se esse apoio se concretizar e como "em política não há almoços grátis" o PS quererá, evidentemente, capturar a candidatura e o projecto político de Sampaio da Nóvoa que, já dá para perceber, não é coincidente em várias dimensões com o PS actual, desde logo na questão identificada por Nóvoa como central "O meu ponto de partida é o da crítica das políticas de austeridadee também na opção por um claro posicionamento à esquerda e contrário ao alternante sem alternativa "arco da governação".
Conseguirá Sampaio da Nóvoa resistir a esta tentativa de "colonização" do PS caso se venha a verificar o apoio do partido à candidatura?
Conseguirá Sampaio da Nóvoa emergir e ser bem sucedido num cenário sem apoio partidário dos partidos do "arco da governação"?
Acredito que as respostas podem ser em qualquer dos casos, sim é difícil mas vai ser possível.

1 comentário:

Anónimo disse...

Em Portugal existe um grupo económico que manda neste governo provas disso é que este desgoverno tudo faz para ajudar a dar lucros a esses deixando o povo e afins de lado passando mesmo por cima da saúde de um povo já doente por sofrer tanta autoridade que ao fim ao cabo de nada serviu porque as dividas aumentaram três vezes mais ,a fome aumentou a miséria o desemprego os sem abrigo o poder de compra que é o maior inimigo da economia de um País porque sem poder de compra nada existe mais a não ser a pobreza de um povo e País !!!