segunda-feira, 20 de abril de 2015

O ABANDONO ESCOLAR ESTÁ A DESCER. E O SUCESSO?

Dados do EUROSTAT hoje divulgados mostram que Portugal é o quarto país com mais alta taxa de abandono escolar precoce.
Em 2014 registámos 17,4%. Deve, apesar de tudo, salientar-se que face a 2006 recuperámos significativamente pois verificava-se uma taxa de 38.5%.
Embora o salto seja importante algumas notas breves.
Os estudos comparativos internacionais têm vindo a registar os progressos dos alunos portugueses. No entanto de 2009 para 2012 a situação inverteu-se. Acontece ainda que temos um número de alunos retidos em cada ano que é impressionante, Portugal é o terceiro país da União Europeia com maiores percentagens de chumbos, 34.3% dos alunos em 2012 tinham reprovado pelo menos um ano, abaixo da Bélgica e do Luxemburgo com 36,1% e 34,5%, respectivamente.
De 2011 para cá, depois de um período de melhoria de resultados, os níveis de retenção voltaram a agravar-se em todos os anos de escolaridade. Em média chumbam por ano cerca de 150 000 alunos dos ensinos básico e secundário.
Como é reconhecido e sem surpresa os alunos com insucesso escolar são os que maior risco correm de abandono escolar precoce.
Nesta conformidade e como sempre afirmamos  a questão central não discutir a retenção mas disponibilizar apoios a alunos e professores que minimizem a retenção e o posterior abando escolar sem qualificação e o óbvio risco de exclusão social.
O dado mais preocupante é que a política do MEC caminha em sentido errado, corte nos apoios educativos e recursos humanos, docentes e técnicos, aumento do número de alunos por turma, um currículo prescritivo, extenso e desadequado, hipotecado às metas curriculares excessivas e inoperacionais e à examocracia cujos efeitos foram sublinhados pela recente recomendação do CNE e frequentemente objecto de avaliação negativa pela OCDE.
O MEC procurando compor as estatísticas do abandono estrutura à pressa, sem avaliação e ao arrepio, mais uma vez, das orientações da OCDE, um ensino vocacional para onde são "empurrados" sobretudo os alunos que "chumbam" logo partir dos 13 anos.
A persistir nesta política poderemos continuar a assistir à diminuição do abandono mas sem que a tal cenário uma efectiva melhoria no sucesso e na qualidade da educação em Portugal.
No entanto este procedimento do MEC é coerente com as políticas do Governo ao incentivar estágios e mais estágios, formação profissional ficcionada, e ocupação de desempregados visando a baixa da taxa de desemprego sem que isso signifique, de facto, criação de emprego.

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