quinta-feira, 30 de abril de 2015

FORMAÇÃO DE PROFESSORES E EDUCAÇÃO INCLUSIVA

No trabalho apresentado, entre outros aspectos, releva a evidência de assimetrias e fragilidades significativas na formação dos docentes no que se refere à educação inclusiva e à resposta em sala de aula aos alunos com necessidades educativas especiais.
Para quem acompanha de mais perto esta realidade a constatação não é surpreendente. Aliás, o Conselho Nacional de Educação em 2014 chamava a atenção para a qualidade da formação dos professores de educação especial.
Creio que gostamos todos de acreditar e sentir que que existe um lado do trabalho do professor que decorre da “vocação”, do “jeito” do “gostar muito de crianças” ou qualquer outro atributo da mesma natureza e com a designação que lhe queiram dar. Assim será.
No entanto, aproveitando a afirmação conhecida de Bethelheim “L’amour ne suffit pas”, ou seja, é fundamental que se aceda à preparação adequada para a função.
Na verdade, o trabalho de várias décadas neste universo têm permitido constar justamente as fragilidades da formação de muitos professores, do ensino regular e da designada educação especial” para, primeiro, proceder à avaliação adequada e rigorosa das dificuldades dos alunos, condição imprescindível a uma intervenção mais eficaz e, segundo, planear, definir metodologias e actividades que promovam essa eficácia.
E isto aplica-se a docentes do ensino regular como também a professores de educação especial que muitas vezes face às crianças sentem as mesmas dificuldades impedindo que alguém ajude efectivamente outro alguém e, finalmente, o aluno.
O empenho, a vontade de fazer bem e ajudar mesmo em circunstância difíceis criadas por falta de recursos e orientações e políticas erradas, não chegam para assegurar o direito de crianças e jovens a uma educação de qualidade e junto dos seus colegas da mesma idade.
Cito com frequência uma afirmação de 2000 do Council for Exceptional Children, "o factor individual mais contributivo para a qualidade da educação é a existência de um professor qualificado e empenhado".
Não desconhecendo o quadro existente no ensino superior no que respeita à autonomia sei também que deveríamos ter dispositivos mais eficazes de formação de professores, do ensino regular e “especializados” neste domínio, educação inclusiva.
Seria necessário reflectir, por exemplo, sobre as funções e perfis ajustados a essas funções que se atribuem aos professores nesta área e, a partir desses perfis, definir a formação adequada.
Sei também que os tempos não vão favoráveis à educação inclusiva que tem, justamente, como ferramenta operacional mais importante a diferenciação no trabalho educativo e nos percursos dos alunos de forma a acomodar as suas diferenças ou necessidades. Os tempos vão em sentido contrário, vão no sentido da normalização, da febre da medida, que exclui a diferença.
Também por isto a formação dos professores é tão importante.

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