segunda-feira, 10 de novembro de 2014

ATRÁS DE MIM VIRÁ QUEM BOM DE MIM FARÁ. Nem sempre, nem sempre

"Valter Lemos aponta “erros graves” na educação em Portugal"

Depois de um tempo de discrição, que possibilitou a escrita de um livro agora apresentado, reaparece Valter Lemos, o inesquecível ajudante de Maria de Lurdes Rodrigues no seu consulado do MEC.
Sem surpresa, bate forte na política educativa actual. Presumo que Valter Lemos acredita no velho ditado "atrás de mim virá quem bom de mim fará".
Mas não, não é verdade, a incompetente e ideologicamente insustentável política educativa actual, se vista à luz de um ensino e educação pública de qualidade e para todos, não branqueia, não faz esquecer o contributo de Valter Lemos como Secretário de Estado.
Relembro, brevemente, alguns aspectos. O estabelecimento da figura insustentável de "professores titulares" e professores "outros" que teve um efeito arrasador no clima das escolas e no universo profissional dos docentes. Ainda neste âmbito, a definição de quotas na avaliação de professores para além da tentativa de instalar um bizarro modelo de avaliação que determinava a estranha situação de um professor que apesar de cumprir todos os critérios para que fosse considerado "excelente", não pudesse sê-lo porque as "senhas" para excelente já estavam esgotadas, já não cabia.
Uma chamada de atenção para a definição do DL 3/2008, relativo à designada educação especial que reintroduzindo no universo da educação um insustentável critério de "elegibilidade" para apoio educativo, produziu e produz milhares de situações de alunos com dificuldades que ficaram sem os apoios necessários. Em educação, do meu ponto de vista, não é aceitável que a decisão sobre o que se realiza com um aluno que experimenta algum tipo de dificuldade assente no entendimento sobre se "é elegível, ou não é elegível", deve assentar na definição de que tipo de apoio o aluno ou os seus professores precisam. Deve, no entanto, sublinhar-se que também neste âmbito, a resposta aos alunos com dificuldades, a actual equipa do MEC tem sido de uma enorme incompetência e insensibilidade que ameaçam os direitos dos miúdos.
Uma nota final para o abastardamento de uma ideia interessante, o reconhecimento e validação de competências adquiridas por cidadãos que abandonaram precocemente o sistema educativo, para transformar os Centros Novas Oportunidades num dispositivo de certificação aos milhares de pessoas por mês, sem preocupação de qualificação, pressionando as equipas do CNO para a "produtividade" que compusesse estatísticas, a tentação das tentações em matéria de exercício político.
A história é algo de importante e o tempo não faz esquecer tudo.

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