quarta-feira, 29 de outubro de 2014

É PROIBIDO SER POBRE

"Este homem quer ilegalizar a pobreza"
Um homem com uma larga experiência de vida e de trabalho junto das pessoas mais vulneráveis socialmente tem como grande projecto de vida e para a última Instituição que fundou, a Impossible, ilegalizar a pobreza, isso mesmo, ilegalizar a pobreza.
Inquieto com o pouco impacto que o trabalho de muitas instituições que intervêm na área da solidariedade tem nas condições de vidas das pessoas, numa espécie de operacionalização do princípio de Shirky, “as instituições tendem a alimentar os problemas para os quais é suposto serem a solução”, este Homem quer ir mais longe, criminalizar a pobreza, é proibido ser pobre.
Será a mais nobre das utopias, a maior das ingenuidades ou o maior dos disparates.
Apesar dos discursos com que nos querem convencer de que as assimetrias no rendimento de ricos e pobres e na distribuição da riqueza se vão esbatendo, às vezes torturando alguns números para que a realidade pareça diferente, um estudo do Banco Central Europeu vem afirmar que em Portugal o peso da fortuna dos mais ricos é superior ao que se acreditava, um quarto da riqueza pertence a 1% da população.
Considerando os nove países da zona euro analisados, Portugal é o terceiro país com uma maior concentração da riqueza, atrás da Áustria e da Alemanha.
Sabemos ainda que a esta concentração também corresponde uma das maiores assimetrias da Europa entre o rendimento da minoria mais favorecida e os mais pobres. Por outro lado, como também tem sido referenciado, um dos muitos efeitos perversos da crise tem sido o acentuar generalizado desta assimetria, cá e noutras paragens.
Como algumas vezes oiço alguém referir, falamos de pobreza, quando o nosso problema é com a riqueza, está mal distribuída e todos queremos ser ricos, muito ricos. É neste quadro que se acentua e promove a desregulação que leva ao enorme fosso entre os mais ricos e os mais pobres.
Nós precisamos de combater a assimetria da distribuição da riqueza e produzir mais riqueza, precisamos de combater mordomias e desperdício de recursos e meios ineficientes e muitas vezes injustificados que alimentam clientelas e interesses outros. Nós precisamos de combater a teia de protecção legal e política aos interesses dos mercados e dos seus empregados que conflituam com os interesses das pessoas.
Precisamos de coragem e visão sem subserviência ao ditado dos mercados e dos seus agentes para definir modelos económicos, sociais e políticos destinados a pessoas e não a mercados ou a grupos minoritários de interesses.
Será possível ilegalizar a pobreza?

Pelo sonho é que vamos.

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