quarta-feira, 1 de outubro de 2014

DE TANTO TEREM, TÊM TÃO POUCO

Como já aqui tenho referido, alguns estudos mostram que as crianças portuguesas são das que mais usam a televisão,, um ecrã, nos tempos livres e das que  menos recorrem a actividades de ar livre, aliás, como os adultos. Neste tipo de actividades, ao ar livre, é curioso referir que os maiores utilizadores são as crianças nórdicas, o que se deverá, provavelmente ao ameno e convidativo clima para actividades de ar livre que os países nórdicos oferecem.
A minha reflexão é um bocadinho mais radical, as crianças portuguesas, pura e simplesmente, não brincam. Não estou a falar das excepções, estou a falar da regra.
Os miúdos levantam-se cedo, acabam o último sono no banco de trás do carro do pai, ou na carrinha escolar, intoxicam-se de escola e de actividades de natureza escolar até ao fim da tarde, voltam aos bancos de trás do carro ou da carrinha, chegam tarde a casa e entre a novela, o banho, o jantar e, para muitos, algum trabalho de casa, gastam a última energia disponível antes da deita e de novo dia.
Quando sozinhas, mesmo com os pais ao lado, aconchegam-se a um ecrã, este, pelo menos, não lhes manda fazer nada que não lhes apeteça.
Pelo meio, muitos ainda são “convidados” a realizar actividades óptimas e que fazem um bem extraordinário ao seu desenvolvimento e os tornam fantásticos, inteligentes, criativos, confiantes, etc.
Aos fins-de-semana ou mesmo à noite fazem com os pais a ronda pelos centros comerciais lugares sempre acolhedores e climatizados o que não acontece com o desagradável ar livre.
Os papás compram o consentimento e companhia dos miúdos com mais um jogo para a consola ou qualquer outra coisa e, no fim, preparam-se para mais uma semana igual a todas as outras.
As semanas dos miúdos que de tanto terem, não têm nada, ou quase.

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