sábado, 12 de julho de 2014

E AGORA? QUE FAZER COM O RESULTADO DOS EXAMES?

"Notas médias nos exames do secundário subiram nas disciplinas com mais inscritos"

"Professores dizem que o MEC está a pôr “os alunos a fugir da Matemática”"

Não me parece particularmente relevante o valor próprio dos resultados a não a ser as tendências gerais de subida das médias que, aliás, este ano poderiam ser antecipadas dada a apreciação de maior facilidade da generalidade dos exames e as questões habituais sobre a Matemática em que diferentes entidades avaliam o grau de dificuldade e adequação de forma diferente e que continuam com resultados preocupantes.
Afirmo esta “menorização” dos resultados porque de há muito os exames funcionam mais como arma de gestão política do sistema e menos como uma avaliação externa independente e competente o que, do meu ponto de vista, relativiza os seus resultados, sejam eles melhores ou piores.
O que me parece mais pertinente é a discussão em torno do que fazemos com os resultados dos exames e, sobretudo, antes dos exames.
Estes resultados são consequência e não causa o que, obviamente, é um lugar-comum. São, naturalmente, consequência dos processos de ensino e aprendizagem prévios ao momento do exame e das condições mais ou menos favoráveis em que se realizam esses processos, como são consequência do tipo de exame e da sua dificuldade.
No entanto, do meu ponto de vista, este entendimento não é tão óbvio quando olhamos para algumas das medidas da PEC – Política Educativa em Curso que não me parecem contributivas para melhorias nos processos de ensino e aprendizagem que conduziriam a melhores resultados em situação de exame. Alguns exemplos que julgo significativos.
Quem conhece de forma razoavelmente próxima os territórios educativos portugueses dificilmente compreenderá como o aumento do número de alunos por turma no Secundário, até 30 alunos, possa contribuir para melhorar resultados. Com a insistência na política de agrupamentos e mega-agrupamentos o número máximo foi facilmente atingido com os riscos óbvios.
As horas disponíveis para apoios aos alunos, calculadas com base numa perversa discriminação negativa e os cortes de recursos docentes que já se verificaram e continuam criarão certamente constrangimentos ao trabalho de apoio e ensino nas escolas que ajudem a ultrapassar dificuldades de alunos e professores.
Temo que a discussão em torno dos resultados continue sobretudo centrada em questões como a maior ou menor dificuldade dos mesmos ou no estabelecimento dos rankings que fatalmente aparecerão, e não nos aspectos fundamentais, como melhorar as condições favoráveis à qualidade dos processos de ensino e aprendizagem que, por aqui sim, promoverão melhores saberes e competências traduzidas em exames.
Finalmente, os exames devem funcionar como uma avaliação externa necessária e, por isso, independente e competente. Lamentavelmente a experiência não autoriza que o possamos afirmar.

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