sexta-feira, 13 de junho de 2014

OS RESULTADOS DOS EXAMES DO 4º E DO 6º ANO

"Notas dos 4.º e 6.º anos subiram a Português e desceram a Matemática"

Algumas notas telegráficas sobre o resultado dos exames do 4º e do 6º ano.
Uma primeira nota prévia. Um dos grandes problemas que, do meu ponto de vista, aflige a educação em Portugal é a captura dos interesses gerais pelos interesses da "partidocracia", isto é, a educação é um território privilegiado da gestão político-partidária. Neste contexto, os exames desempenham um papel importante nesta gestão através da "modulação", por assim dizer, da sua dificuldade, levando a que os resultados encontrados sejam utilizados nesta gestão política dos interesses da partidocracia. Este entendimento minimiza o impacto das análises comparativas. Veja-se, por exemplo, a discussão recorrente e raramente consensual sobre o grau de dificuldade e adequação dos exames. Veja-se ainda a interessante perspectiva da Associação de Professores de Matemática sobre a existência dos próprios exames e que vai ao encontro do que muitas vezes aqui tenho afirmado
No entanto, é possível atentar em algumas tendências.
Comparativamente a 2013, no 4º e no 6º ano os resultados em Português subiram e em Matemática desceram ligeiramente mantendo-se no 6º ano uma média negativa, 47.3%. O dado que me parece mais significativo é a diferença para 2012 em que a média foi de 54%.
O abaixamento dos resultados em Matemática, a área com resultados habitualmente menos positivos parecem comprometer a evolução que estava a acontecer como comprovado pelos estudos comparativos internacionais.
Importa, evidentemente, proceder a uma análise mais fina deste conjunto de resultados mas creio que vale a pena considerar o efeito de alguns factores como, a sobrelotação de muitas turmas, com vários de escolaridade integrados (caso do 1º ciclo), das metas curriculares excessivas e burocratizadas inibidoras da acomodação de diferenças entre os alunos, falta de dispositivos de apoio ou ainda um calendário escolar insustentável.
Com a colagem do calendário escolar às festas religiosas tem-se verificado um enorme desequilíbrio na duração dos períodos. A esta situação acresce que o já reduzido terceiro período é interrompido para a realização dos exames para que os "reprovados" tenham uma segunda oportunidade após um período suplementar de aulas. O terceiro período transforma-se num tempo dedicado aos exames e a realização mais cedo e a criação do período suplementar de aulas é de eficácia reduzida como se comprovou o ano passado.
A realizarem-se os exames, o MEC acredita que só por existirem o sistema melhora, o que está longe de acontecer, deveriam acontecer no final do ano e os apoios aos alunos deveriam ser providenciados ao longo dos anos de cada ciclo, devendo o MEC garantir a existência de docentes e desses dispositivos de apoio, algo que não acontece.

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