sexta-feira, 6 de junho de 2014

ENTRE A ESCOLA E A EMPRESA

"Conselho Nacional de Educação teme que novos cursos vocacionais sejam dados por “operadores” alheios à escola"

O Conselho Nacional de Educação, em intensa actividade, divulga também hoje o parecer sobre o projecto de diploma que aprova o regime jurídico do ensino e formação profissional dual, apresentado pelo Governo.
Em termos sintéticos o CNE manifestou sérias reservas face à duração dos cursos, dois anos que proporcionam a obtenção de uma certificação de nível 4 quando o ensino secundário com 3 anos de duração tem certificação de nível 3 e expressa fortes reservas à possibilidade de que a formação em idade de escolaridade obrigatória seja realizada totalmente fora da escola orientada apenas para o mercado de trabalho. O CNE entende que existem componentes da formação dos indivíduos que devem ser as escolas a assegurar e devem integrar o processo de educação no sentido global.
O CNE manifesta ainda algumas dúvidas relativamente à possibilidade de acesso ao superior após esta formação considerando a falta de equidade face aos estudantes que frequentam o ensino secundário.
Em termos gerais, parece-me importante e de saudar esta posição do CNE que contraria a visão do governo de que a educação é "apenas" a aprendizagem de competências instrumentais, neste caso de natureza profissional, e que, por isso, pode realizar-se completamente fora das escolas, designadamente em empresas.
Acresce que este modelo dual, sedutor para alguns, é um modelo que pelas suas características, a experiência mostra-o e o CNE refere isso mesmo, carece de avaliação e parece comprometer a mobilidade social mantendo desigualdades.
Vejamos o acolhimento que merecerá no Governo a posição agora expressa pelo CNE.

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