terça-feira, 27 de maio de 2014

O TEMPO PARADO

"O celibato não é um dogma e “a porta está sempre aberta”, diz Francisco"

Do meu ponto de vista, a reconhecida perda da influência da Igreja Católica, sobretudo nos países mais desenvolvidos, deve-se também ao seu imobilismo, à forma conservadora como não reage às óbvias mudanças sociais, políticas, económicas e culturais sustentando um progressivo afastamento da vida das pessoas, como reconhecia em entrevista D. Manuel Martins afirmando que a Igreja não acompanha o momento.
Um dia, talvez a instituição Igreja aceite e perceba a importância e a necessidade de mudança no discurso e nas atitudes relativas ao divórcio e casamento, às uniões entre pessoas do mesmo sexo e adopção por parte destes casais, à anti-concepção, ao celibato dos padres, à abertura do sacerdócio às mulheres, à ostentação visível em parte das estruturas da igreja, etc.
No entanto, considerando o que se tem ouvido e é conhecido das intervenções da hierarquia da Igreja, não creio que, apesar de alguns comportamentos e discursos do Papa Francisco e também da significativa mudança de estilo face ao seu antecessor Bento XVI, seja de esperar um movimento de alteração significativa nas posições da Igreja sobre estas matérias.
Retomando o entendimento de D. Manuel Martins de que a Igreja deve acompanhar o momento talvez possa ser esta a explicação porque pelo país inteiro se encontram inúmeras Igrejas, algumas bem bonitas e conservadas, que têm os seus relógios parados. Estarão parados, certamente, em "momentos" diferentes mas ... com o tempo parado.

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