segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

O EXAME DE INGLÊS (take 2)

Como é sabido e de acordo com o entendimento mágico de Nuno Crato sobre os exames, os alunos do 9º ano vão realizar este ano, a 30 de Abril, um exame nacional de inglês com a particularidade de se realizarem em regime de "outsourcing" sob supervisão da Universidade de Cambridge através do Cambridge English Language Assessment e com o apoio desinteressado de algumas empresas, numa visionária abertura aos mercados, sinais dos tempos.
Já foi anunciado que as avaliações anteriores a realizar vão determinar que o exame não tenha o nível esperado, B1, correspondente ao 9º ano, mas o nível A2, que corresponde ao 7º ano. O Instituto de Avaliação Educativa afirmou que será assim por uma questão de prudência, justificação que me fez recordar as recorrentes afirmações de Nuno Crato quando era opinador e se insurgia contra "o facilitismo" dos exames para promover estatísticas com melhor aspecto, por assim dizer. Agora, o MEC reconhece que não pode esperar que os alunos tenham as competências que deviam e ... baixa a exigência do exame em vez de tentar, tentarmos, criar as condições para que as aprendizagens esperadas aconteçam.
Por outro lado, a Associação dos Professores de Inglês também entende o nível mais baixo do exame pois com as condições de ensino actual, carga horária da disciplina  de inglês e número de alunos por sala, as aprendizagens esperadas não têm condições de se realizar.
Tudo isto me parece claro. Tenho apenas uma dúvida, este exame, assim, serve para quê? Para aferir se os resultados dos alunos do 9º ano em inglês atingiram as competências do 7º ano?
Não é que me surpreenda mas, ainda assim.
Hoje surgiram mais alguns esclarecimentos face a dúvidas levantadas pela Fenprof. As empresas que desinteressadamente apoiam a realização do exame não terão acesso aos dados dos miúdos e Cambridge apenas terá acesso aos dados necessários à emissão do certificado.
O IAVE sublinhou ainda que a inscrição para obtenção de certificado é facultativa (?) e que os 25 euros que custará(?) às famílias são “uma oportunidade única para obter um certificado reconhecido internacionalmente a um preço simbólico”, pois no mercado “o preço normal deste certificado é de cerca de 75/80 euros”, embora ainda mais caro que a sinistra Prova dos professores que se ficava pelos 20 euros.
Como é habitual entre nós, faz-se uma atençãozinha, os beneficiários do escalão de acção social mais elevado ficam isentos de qualquer pagamento, os do segundo escalão pagam apenas metade do valor.
Porque é será que tudo isto deixa uma enorme sensação de desconforto e estranheza?

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