sexta-feira, 6 de setembro de 2013

AS INFERNAIS TRAGÉDIAS

Mais uma morte de um bombeiro, a oitava este ano, a que acresce gente ferida e uma devastação que torna negro um negro país. Um cenário que anualmente se repete, sendo que este ano o número de vidas perdidas triplicou face a valores médios.
Como já afirmei, sem nenhuma espécie de conhecimento destas matérias, para além do interesse e preocupação de um cidadão minimamente atento e preocupado com os custos enormes destes cenários de destruição, tenho alguma dificuldade, considerando a dimensão do nosso país, em compreender a inevitabilidade destes cenários. É recorrente a referência à falta de limpeza dos terrenos. Os espanhóis têm por uso afirmar que os incêndios se combatem no inverno, nós combatemo-los no inferno, opção obviamente mais cara, cerca de quatro vezes mais cara segundo alguns especialistas.
Trata-se de um destino que não pode ser evitado? Trata-se de uma área de negócios, a fileira do fogo, que, pelos muitos milhões que envolve, importa manter e fazer funcionar sazonalmente? Trata-se "só" de incompetência na decisão política e técnica em termos de resposta e prevenção? Trata-se de uma onda de delinquência quase sempre impune e comportamentos patológicos que uma cobertura televisiva pouco cautelosa potenciam? Trata-se da falência de modelos de desenvolvimento facilitadores de desertificação e abandono, designadamente das áreas rurais?
O poeta falava de um fogo que arde sem se ver, é bonita a imagem. Mas quando um fogo arde e se vêem os seus efeitos devastadores e dramáticos, quando rouba a vida a pessoas, dói mais, muito mais, e não se perdoa.
Não há responsáveis, é a vida, as vidas, as que tragicamente se perdem e as que continuam, de luto e de negro.

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