domingo, 14 de julho de 2013

O TEMPO DO SOBREIRO

Este fim de semana, entre o que lida no monte exigia que se fizesse, reguei uma dúzia de sobreiros que há uns três ou quatro anos plantei com o Mestre Marrafa e que ainda continuam bem pequenos.
Enquanto a água os refrescava do calor que estava bem mais brando que na semana anterior, pensava no tempo e na vida, a nossa e a dos sobreiros.
O sobreiro é uma árvore lenta e calma como o Meu Alentejo. Dá a primeira cortiça aos 25 anos e tem uma expectativa de vida entre os 170 e os 200, podendo chegar aos trezentos anos, ainda assim um jovem ao pé de algumas oliveiras que lá temos.
É uma dimensão de tempo que não tem nada a ver com os tempos de hoje.
Os tempos actuais são os tempos da urgência, os tempos da pressa, os tempos do para já, ou mesmo para ontem.
São os tempos dos resultados, resultados imediatos. São tempos sem espera, só espera quem não pode comprar o tempo.
Os tempos de hoje fazem do tempo um bem que ninguém tem, antes tínhamos tempo, agora temos pressa. Os tempos de hoje não são os dias, são os segundos. Por tudo isto, eu, que já deixei os cinquenta para trás há algum tempo, dei por mim a rir-me desta tarefa, cuidar de sobreiros pequenos.
Um dia destes, está decidido, vou sentar-me perto deles a vê-los crescer, pelo menos, pelo menos, até à primeira cortiça.

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