quarta-feira, 24 de julho de 2013

O SOBE E DESCE DOS RESULTADOS DOS EXAMES. E depois?

O GAVE divulgou o Relatório dos exames nacionais de 2012.
Numas notas breves e como tenho afirmado, não me parece particularmente relevante o valor próprio dos resultados a não a ser a indicação geral de que, mesmo quando positivas, as médias são baixas e, naturalmente, o registo das médias negativas. Afirmo esta “menorização” dos resultados porque de há muito os exames funcionam como arma de gestão política do sistema o que, do meu ponto de vista, relativizam os seus resultados, sejam eles melhores ou piores.
O que me parece mais pertinente é a discussão em torno do que fazemos com os resultados dos exames especialmente quando se verificou um abaixamento significativo nos resultados de 2013.
Estes resultados são consequência e não causa o que, obviamente, é um lugar-comum. São, naturalmente, consequência dos processos de ensino e aprendizagem que envolvem múltiplas variáveis e são prévios ao momento do exame.
No entanto, do meu ponto de vista, este entendimento não é tão óbvio quando olhamos para algumas das medidas da PEC –Política Educativa em Curso que não me parecem contributivas para melhorias nos processos de ensino e aprendizagem que conduziriam a melhores resultados em situação de exame. Alguns exemplos que julgo significativos.
Quem conhece de forma razoavelmente próxima os territórios educativos portugueses dificilmente compreenderá como o aumento do número de alunos por turma no básico e no Secundário possa contribuir para melhorar resultados. Com a insistência na política de agrupamentos e mega-agrupamentos o número máximo foi facilmente atingido designadamente nas disciplinas mais concorridas, justamente as que apresentam médias mais baixas.
Também me parece difícil entender que na fórmula de cálculo de crédito de horas das escolas para, por exemplo, actividades de apoio extra curricular apoio, um dos factores seja justamente as notas dos respectivos alunos em exames nacionais, ou seja, uma perversa forma de ter mais apoios para os melhores e menos apoios para os que experimentam dificuldades.
Finalmente, os cortes de recursos docentes já verificados em continuação que criarão certamente constrangimentos ao trabalho de apoio e ensino nas escolas que ajudem a ultrapassar dificuldades de alunos e professores.
Temo que a discussão em torno dos resultados continue sobretudo centrada em questões como a maior ou menor dificuldade dos mesmos ou no estabelecimento dos rankings que fatalmente aparecerão, e não nos aspectos fundamentais, como melhorar a qualidade dos processos de ensino e aprendizagem que, por aqui sim, promoverão melhores saberes e competências traduzidas em exames.

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