terça-feira, 4 de junho de 2013

FADIGA? NÃO, COLAPSO

Depois de Paul Krugman que se referiu no New York Times ao “pesadelo” económico-financeiro em que Portugal está mergulhado, surge um outro cromo da ciência (reparem que não coloco entre aspas) económica mundial, Nouriel Roubini, que no âmbito de uma conferência na Bolsa de Nova Iorque, afirmou que em Portugal “há uma fadiga da austeridade, que se começa a ver nas ruas, que pode tornar-se um problema".
Como disse na altura relativamente à afirmação de Krugman, a situação em que vivemos não é, na verdade, um pesadelo de que se acorda assustado e angustiado mas que em seguida percebemos que tudo não passou… de um pesadelo. Não é assim.
O drama é que a situação para milhões de portugueses é a vivência diária de um pesadelo de que se não vislumbra o fim e, de vez em quando, acontece um sonho com um futuro melhor que aparentemente não passa disso mesmo ... um sonho.
Na mesma linha e relativamente à “fadiga de austeridade” que se começa ver e pode tornar-se um problema, talvez porque Roubini não viva cá não percebe que muitos milhares de portugueses não estão “fatigados” de austeridade, já atingiram o colapso, lutam pela sobrevivência, sem trabalho, sem subsídio e de mão estendida com a dignidade de rastos.
Este é o resultado de uma persistência cega e surda no “custe o que custar", no cumprimento dos objectivos do negócio com a troika e dos objectivos de uma política "over troika", atingindo claramente o limite do suportável e afectando gravemente as condições de vida de milhões. Estamos a falar de pessoas, não de políticas, ou melhor estamos a falar do efeito das políticas na vida das pessoas. Talvez isto fosse de considerar em pleno período de avaliação com a presença dos administradores do país por cá, assim os feitores que nos governam assumissem um "basta" que tarda.
Contrariamente ao que nos querem fazer acreditar alguns geniozinhos caseiros e estrangeiros a maioria das famílias portuguesas não viviam ou vivem acima das suas possibilidades, mas cada vez mais famílias estão a viver abaixo das suas necessidades, pobres, sem apoio e em risco de exclusão. Estão “fatigadas” e isto pode ser um problema na linguagem suave de Roubini.

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