quarta-feira, 22 de maio de 2013

SÓ PRENDER NÃO BASTA

A Comissão de Acompanhamento e Fiscalização dos Centros Educativos apresentou uma proposta no sentido de criar estruturas a que chama "casas de autonomia" destinadas a jovens delinquentes com penas de internamento superior a um a ano e que "proporcionariam um período de "supervisão intensiva", uma espécie de liberdade condicional" que mediasse a reinserção social desses jovens.
Do meu ponto de vista, parece uma medida interesssante e, ao que se lê no Público, a Ministra da Justiça vai estudar as suas implicações e custos.
Na verdade a resposta das comunidades à situação de crianças e jovens pré-delinquentes ou delinquentes tem como há dias referi de ser repensada. Segundo dados da Direcção Geral de Reinserção, cerca de 40% dos adolescentes internados voltam aos Centros Educativos ou às prisões após os 16 anos. Esta altíssima taxa de reincidência mostra a falência do Projecto Educativo, obrigatoriamente definido para todos os adolescentes internados que assentaria em dois eixos fundamentais, formação pessoal e formação escolar e profissional. É neste âmbito que o trabalho tem que ser optimizado. É imprescindível que os meios humanos e os recursos materiais sejam suficientes para que se minimize até ao possível os riscos de reincidência.
Por outro lado, o Relatório CASA -Caracterização Anual da Situação de Acolhimento de Crianças e Jovens, da Segurança Social relativo às instituições que procuraram constituir-se como alternativa às grandes e ineficazes instituições, há dias divulgado, inventaria problemas mito sérios, falta global de respostas impeditivo de responder através de estruturas mais pequenas (mais familiares), falta de recursos técnicos e emerge uma situação preocupante, aumenta a idade dos jovens acolhidos e, simultaneamente, um aumento significativo de comportamentos anti-sociais que podem prenunciar projectos de vida muito complicados.
Fica certamente mais caro lidar com a delinquência provavelmente praticada por estes jovens reincidentes em adultos do que investir na qualidade dos Centros Educativos e dos Lares de Acolhimento para que sejam, de facto, educativos. É neste contexto que, do meu ponto de vista se deve colocar a análise da proposta agora elaborada, ou seja, é imprescindível um redimensionamento da rede de Centros Educativos e de Lares e um forte investimento nos recursos técnicos de que dispõem, nos meios, espaços e equipamentos. Só assim poderão cumprir a sua função, proporcionar a jovens em privação de liberdade a construção de um Projecto de vida, com qualificação escolar e profissional, formação pessoal e uma ideia de futuro que minimize o risco de reincidência.
Apesar da punição e a detenção constituírem um importante sinal de combate à sensação de impunidade instalada, é minha forte convicção de que só punir e prender não basta como não basta retirar as crianças ou jovens de ambientes familiares de risco e acomodá-las em instituições.
Assim, sabendo que prevenção e programas comunitários e de integração têm custos, importa ponderar entre o que custa prevenir e os custos posteriores do mal estar e da pré-delinquência ou da delinquência continuada e da insegurança.

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