segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

PROFESSORES CONTRATADOS. Eternos precários (necessários)

Como muitas vezes como já aqui tenho escrito, entendo que as necessidades de docentes do sistema educativo se trata de uma questão complexa e com múltiplas variáveis. De entre essas variáveis destacam-se algumas das consequências da PEC - Política Educativa em Curso, designadamente a criação dos insustentáveis mega-agrupamentos e o aumento de alunos por turma que, não servindo a qualidade da educação, reduzirá o número de lugares de docentes. A este cenário acresce, naturalmente, as alterações na demografia escolar que, aliás, são curiosamente, objecto de leituras diferentes.
Este quadro promove, naturalmente, um problema de absorção de muitos docentes, já no sistema, e que passaram a "horários zero", bem como na estabilização dos que se mantêm contratados durante anos por conta das eternas necessidades transitórias. Importa referir que, segundo a Associação dos Professores Contratados existem cerca de 11 000 professores em situação de contratados há mais e à volta de 1000 com mais de 18 anos nesta inaceitável situação o que motiva a Associação a alertar Bruxelas para este cenário que fere directivas europeias e para o qual o Provedor de Justiça também já chamou a atenção sobre o seu enquadramento legal. Acontece que o MEC apenas considera a possibilidade vincular mil destes docentes.
Conhecendo os territórios educativos do nosso país, julgo que faria sentido que os recursos que já estão no sistema, pelo menos esses e incluindo os contratados com muitos anos de experiência, fossem aproveitados em trabalho de parceria pedagógica, que se permitisse a existência em escolas mais problemáticas de menos alunos por turma ou ainda que se utilizassem em dispositivos de apoio a alunos em dificuldades.
Os estudos e as boas práticas mostram que a presença de dois professores na sala de aula são um excelente contributo para o sucesso na aprendizagem e para a minimização de problemas de comportamento bem como se conhece o efeito do apoio precoce às dificuldades dos alunos.
Sendo exactamente estes os dois problemas que afectam os nossos alunos, talvez o investimento resultante da presença de dois docentes ou de mais apoios aos alunos, compense os custos posteriores com o insucesso, as medidas remediativas ou, no fim da linha, a exclusão, com todas as consequências conhecidas.
É só fazer contas. E nisso o Ministro Nuno Crato é especialista.

3 comentários:

Anónimo disse...

Já defendi aqui este modelo como solução para muitos dos problemas educacionais de raiz de Portugal, e novamente me parece contextual:
http://dailycaller.com/2011/01/23/swedens-school-voucher-system-is-a-model-for-america/#ixzz1CZJeH7Hz

Zé Morgado disse...

Se pesquisar no blogue já me referi algumas vezes ao modelo de voucher educativo da Suécia e que, curiosamente, não vejo ser defendido por cá com todas as suas implicações como, por exemplo, a OBRIGATORIEDADE das escolas aceitarem QUALQUER criança

Anónimo disse...

Nem mais. Aliás, a noticia do dailycaller bem o refere.

"Under our system, every family has the right to choose a school that’s right for their child(...)But under our system, equal terms work both ways. If a school chooses to be part of the voucher system, it has to be all-inclusive, provide national standards and have its performance monitored."

Claro que isto assusta a quem tenta manter o status quo educativo. Uns meninos na escola (pública) de bem, que coincide a zonas residenciais de luxo, e à pressa faz-se uma outra escola (pública)para criar uma zona residencial para a "escumalha". Depois, os mesmos que querem manter o status quo e os seus meninos longe da "escumalha" atacam este modelo com a retórica habitual, das pobres escolas que fecham porque nenhum aluno foi para lá, dos professores que são despedidos, da competição e concorrência entre escolas que é algo horrível ninguém sabe muito bem porquê, tudo cheio de boas intenções e preocupações que na verdade não são mais do que as do seu próprio umbigo.