quarta-feira, 7 de novembro de 2012

OUTRA CARTA ABERTA À SENHORA MERKEL

Senhora Chanceler Merkel,

Soube agora que um grupo de cidadãos meus compatriotas lhe endereçou uma carta aberta onde expressavam, sintetizando, um desrespeitoso e mal-educado sentimento face à sua próxima vinda ao nosso país que, sabemos todos, ocupa um lugar muito especial no seu coração.
Desde já, bem haja por isso e por nos visitar.
Sempre fomos um povo acolhedor e bom anfitrião, sem falsas modéstias somos mesmo o melhor povo do mundo, como muito bem assinalava um seu admirador e nosso Ministro das Finanças, o qualificadíssimo Senhor Professor Vítor Gaspar.
Recebê-la bem é, não apenas um imperativo das regras da boa educação e urbanidade na relação entre pessoas, mas também uma questão de justiça e dever. Justiça porque a Senhora Chanceler o merece pelo profundo respeito e conhecimento que tem expressado sobre nós.  É certo que já nos considerou preguiçosos, gastadores e uns cabeça no ar. Eu sei que a Senhora Merkel não pensará assim, terá sido um excesso não intencional de algum incompetente conselheiro que a induziu em tamanha desconsideração que, obviamente, não sente, nem pensa.
Por outro lado, recebê-la da forma mais simpática que nos for possível é também um dever. Não proceder assim seria de uma infinita ingratidão depois do esforço e empenho que tem posto na desinteressada ajuda que nos tem dado, bem como a outros países. Desde logo deve sublinhr-se os conselhos ao nosso jovem e voluntarioso Primeiro-ministro, o Dr. Passos Coelho, seu dilecto discípulo, para quem o contacto consigo tem sido uma inspiração permanente e um farol que lhe guia os passos (não si se na tradução para alemão a Senhora entende o trocadilho). Agradeço a ajuda e o apoio que lhe tem dado o que contribuiu decisivamente para os níveis de bem estar que já atingimos. É verdade que as empresas do seu país e os bancos também são muito beneficiados com a ajuda que nos dá, o que me parece justo, não se pode pedir que de forma gratuita nos ajudem a ultrapassar os nossos problemas. Como o nosso sábio povo costuma dizer, o dinheirinho custa muito a ganhar.
Muito provavelmente, a Senhora Merkel terá notícia de algumas manifestações quando nos visitar. Não deve preocupar-se, como sabe, somos um povo dado a festas e a manifestações, tratar-se-á apenas de uma forma de lhe dirigirmos umas palavras, poderão ser deselegantes mas, no fundo, são de agradecimento.
Não lhe quero roubar mais tempo Senhora Chanceler, far-lhe-á falta para descobrir mais formas de nos ajudar, apenas exprimo um enorme desejo de boas vindas a este país dirigido por um humilde grupo de vossos criados. Estou convencido de que, guiada pelo mais qualificado dos nossos Ministros, o Sr. Dr. Miguel Relvas, a sua lamentavelmente curta estadia no nosso país vai ser muito bem sucedida.
Somos pobres, mas não somos mal-agradecidos.

2 comentários:

Anónimo disse...

Portugal


Ó Portugal, se fosses só três sílabas,

linda vista para o mar,

Minho verde, Algarve de cal,

jerico rapando o espinhaço da terra,

surdo e miudinho,

moinho a braços com um vento

testarudo, mas embolado e, afinal, amigo,

se fosses só o sal, o sol, o sul,

o ladino pardal,

o manso boi coloquial,

a rechinante sardinha,

a desancada varina,

o plumitivo ladrilhado de lindos adjectivos,

a muda queixa amendoada

duns olhos pestanítidos,

se fosses só a cegarrega do estio, dos estilos,

o ferrugento cão asmático das praias,

o grilo engaiolado, a grila no lábio,

o calendário na parede, o emblema na lapela,

ó Portugal, se fosses só três sílabas

de plástico, que era mais barato!

...

Alexandre O´Neill

Abraço
António caroço

Zé Morgado disse...

Boa escolha António