segunda-feira, 26 de novembro de 2012

FUGIR PARA A FRENTE

Passos Coelho numa viagem à Madeira para participar no Congresso do PSD - Madeira, organizado democraticamente em modo Alberto João, afirmou que lida bem com a impopularidade, criticou toda a gente que entende que o caminho da austeridade excessiva, cega e insensível está a provocar níveis insustentáveis de recessão e pobreza e afirma acreditar na inteligência dos portugueses, o melhor povo do mundo, na generosa apreciação do Ministro das Finanças Vítor Gaspar.
A persistência e definição de um rumo são ingredientes fundamentais em todas as áreas da nossa vida. Mas a lucidez, a flexibilidade e a capacidade de ajustar decisões em cada momento de acordo com circunstâncias ou variáveis que influenciam os contextos de aplicação dessas decisões, são também componentes essenciais nos processos de liderança e de tomada de decisão, imprescindíveis ao ajustamento e eficácia dessas decisões.
Quando boa parte da sociedade portuguesa, mesmo fora dos discursos partidários oficiais que  são naturalmente contaminados pelas respectivas agendas (aliás, mesmo dentro do PSD são muitas as figuras que discordam das opções), lembremo-nos por exemplo das posições e discursos de muitíssimos representantes da igreja, as intervenções frequentes e altamente preocupadas por múltiplos responsáveis por instituições de solidariedade social, as manifestações de muitos milhares de pessoas desenquadradas da mobilização partidária, etc., expressa a maior das preocupações com os efeitos devastadores que este caminho de austeridade insensível e insensata estão a provocar, o Primeiro-ministro veio a público fazer mais uma profissão de fé, fundamentalista, na bondade dos seus pontos de vista e na inamovível decisão de os manter.
Parece também de recordar que em termos internacionais muitos analistas e instituições alertam para os efeitos negativos da políticas de austeridade sobretudo nos países mais pobres.
Esta atitude de fuga para frente, assente num quase infantil "não tenho medo de nada nem de ninguém", não é sinónimo de persistência e visão, representa mais simplesmente falta de capacidade política, a gestão do bem comum adequada às circunstâncias.

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