segunda-feira, 6 de agosto de 2012

O ERRO MÉDICO E A INJUSTIÇA DA DEMORA

Um estudo hoje divulgado no Público constitui um bom retrato de uma das mais marcantes características do nosso sistema de justiça, a morosidade. Ao que foi apurado numa investigação, os tribunais portugueses levam cerca de oito anos, em média,  a decidir casos de "erros médicos", sendo que estes podem assumir diferentes contornos.
Esta morosidade, que não se estranha, é fruto da teia infindável de esquemas e manhas processuais que dilatam no tempo até ao inaceitável, quando não à prescrição, muitos dos processos, desta natureza e de outras, colocados à justiça. Chamar-lhe justiça é, evidentemente, uma questão de hábito.
Se pensarmos que os casos de "erros médicos" colocados aos tribunais podem conter alguma forma de dano ou consequência para o queixoso(a), percebe-se como este atraso fará parte das consequências e não uma forma de conseguir a reparação de eventual erro de um clínico.
Este cenário recorda-me uma história de humor negro que não resisto a partilhar. Com a vossa licença.
Um calceteiro, especialista na lindíssima calçada portuguesa, trabalhava numa avenida quando reparou em alguém que junto a si seguia há algum tempo o seu trabalho com toda a atenção. Não resistiu e meteu conversa.
O senhor está a ver o meu trabalho há muito tempo, também é desta arte?
Não senhor. Acho interessante o seu trabalho mas a minha profissão é médico.
Engraçado, a sua profissão é muito parecida com a minha.
Está a brincar, como assim, como é que são parecidas?
É verdade. Nas duas profissões quando há enganos, disfarçam-se com a terra.

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