quarta-feira, 13 de junho de 2012

A HISTÓRIA DO DAVID

A história é simples e real, já era conhecida nas redes sociais e hoje chegou à imprensa escrita através do I. David Grachat tem como condição uma amputação congénita da mão esquerda. É estudante universitário, atleta olímpico de natação, esteve em Pequim e estará em Londres, já foi recordista europeu e também vice-campeão europeu. Beneficia de uma bolsa de alta competição e beneficiava de um subsídio vitalício de invalidez, avaliada em 60%, no valor de 115€. Em Janeiro de 2011, o subsídio de invalidez é-lhe cortado, protesta, e em Junho é sujeito a uma Junta Médica sendo informado em Novembro de que o pedido de subsídio é "indeferido por não ser portador de deficiência". E assim continua.
Sabemos todos que em Portugal, a questão da atribuição de subsídios, em diversas circunstâncias, a pessoas ou a instituições, da mais variada natureza e por diferentes razões, é um mundo nem sempre transparente e sujeito a abusos e "manhas" ou fraudes de todos conhecidas.
No entanto, esta história é um exemplo curioso da forma arrogante e inflexível como frequentemente a administração lida com as minorias. Pode parecer demagógico trazer as situações escandalosas de apoio a grupos económicos ou a pessoas envolvidas em negócios cujas consequências são pagas, e muito caro, por todos nós ou de como a gestão da subsidiodependência é uma excelente e tentadora forma de poder.
Estou longe de defender uma lógica paternalista ou assistencialista que determine a forma como se gerem as situações que envolvam minorias. Entendo apenas que a responsabilidade social, a dimensão ética e respeitadora dos direitos das pessoas não são discutíveis.
No fundo, como sempre afirmo, o nível de desenvolvimento de uma comunidade também se afere pela forma como entendem as minorias.
Quanto às minorias, na verdade, falta-lhes voz.

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