sexta-feira, 25 de maio de 2012

A INSUSTENTÁVEL LEVEZA DA ÉTICA

Se bem estão recordados, em Novembro de 2011, João Duque, o responsável do Grupo de Trabalho nomeado pelo Governo para definir serviço público, defendeu que "a bem da Nação”, a informação emitida pela RTP Internacional deve ser “filtrada” e “trabalhada” pelo Governo, acrescentando que este tratamento “não deve ser questionado”.
Entretanto têm-se sucedido episódios de interferência na imprensa controlando opiniões e notícias.
Recordemos o caso da suspensão do espaço Este Tempo, na Antena 1 da RDP, em que se produziram críticas a Angola por parte do jornalista Pedro Rosa Mendes.
Pelo meio ainda se assistiu ao castigo a João Gobern por revelar a sua simpatia clubista, algo sempre conhecido e, certamente, uma das razões pelas quais estaria naquele programa.
Agora temos um episódio mais pesado envolvendo ameaças de Miguel Relvas a uma jornalista do Público e ao próprio jornal, caso publicasse uma notícia que lhe são seria favorável face à sua patética, por assim dizer, prestação no caso Silva Carvalho. Os desenvolvimentos a que temos vindo a assistir vão mostrando a despudorada promiscuidade de interesses obscuros e o inaceitável comportamento destas sinistras figuras.
A actuação do Ministro Relvas, “his master’s voice”, todos os governos precisam de quem se preste a este despudorado trabalho, parece assentar no entendimento de serviço público de João Duque, em modo Miguel Relvas. Comenta-se o que não se deve e da forma que não se deve, acaba-se com os comentários e com os comentadores. Quer-se noticiar o que se não deve, ameaça-se a jornalista e o jornal. Mais nada, a fórmula velha e em retoma de "a bem da Nação".
É só mais um "pequeno" contributo para percebermos por que razão os estudos nos mostram como a democracia está doente e nós descrentes.
O despudor anda à solta. Cada dia temos algo que nos recorda isto mesmo.

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