quinta-feira, 15 de março de 2012

OS PROFESSORES, ESSA MALANDRAGEM A QUEM ENTREGAMOS OS NOSSOS FILHOS (take 2)

Uma vez que os dados do estudo PreparingTeachers and Developing School Leaders for the 21st century da OCDE ontem divulgado, continuam a ser referidos no Público, creio que se justificam mais algumas notas.
Ontem afirmava-se que os professores portugueses tinham "salário mais alto que os trabalhadores com a mesma qualificação" o que me mereceu algumas notas.
Curiosamente, hoje titula-se que os professores portugueses estão a ficar mais tempo nas escolas, mas não se sublinha em título, que estão mais horas nas escolas que a média, sempre a média, dos seus colegas dos países da OCDE. Trata-se, obviamente, de critério jornalístico, mas regista-se.
No entanto, depois de se mostrar que, no que respeita a "horários de trabalho, os professores portugueses também se situam acima da média da OCDE. Em Portugal, os docentes, do 1.º ciclo ao secundário, trabalham 1289 horas, quando a média da OCDE é de 1182 para os do 1.º ciclo, 1198 para os dos 2.º e 3.º ciclos, e de 1137 para os do secundário, nas escolas públicas professores estão mais tempo nas escolas que os seus colegas de outros países, em todos os níveis de ensino, usando o critério número de horas anuais", afirma-se que os professores trabalham menos uma semana do que a média, 37 e 38 respectivamente. Conclui-se a referência, afirmando que os dias de aula no nosso sistema são menos que a média na OCDE o que, evidentemente, não é da responsabilidade dos professores. Estes dados, assim referidos, são potencialmente geradores de equívocos e podem alimentar discursos ligeiros que são, aliás, vulgares quando se trata de educação.
Tal como ontem afirmei, julgo que seria necessário que a divulgação que me parece relevante, deste tipo de indicadores, fosse acompanhada de uma leitura contextualizada, com interpretações  e discussão que contribuísse para a criação de uma opinião pública mais informada e menos susceptível de discursos enviesados que, como afirmava, contribuem, ainda que não intencionalmente, para a degradação da imagem social dos professores.
Num país em que a comunidade desconfia, emite juízos de valor errados e desinformados sobre os professores dos seus filhos, a saúde, a qualidade, da educação, estará sempre em risco.

1 comentário:

Anónimo disse...

O problema é que as duas notícias no mesmo jornal, uma vez destacadíssima em tamanho enorme e com título feito para desconfiar enquanto que a outra aparece tímida e em pouco tempo vai ser relegada para segundo plano.

A isto se chama instigação ao comentário abusivo...