quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

UM RAPAZ MUITO SIMPÁTICO

Era uma vez um Rapaz. Não há muitos rapazes como este Rapaz, diziam. Toda a gente gostava deste rapaz. Era uma jóia, afirmavam. Simpático como nenhum, muito delicado e solícito. Não dava um passo sem pedir licença. Agradecia de forma muito reconhecida tudo o que lhe davam ou diziam. Na realização de qualquer tarefa solicitava constantemente a aprovação dos adultos, pais e professores, mesmo nos pormenores mais irrelevantes. Não era muito bom aluno, mas compensava a situação com a vontade de fazer bem e com o permanente pedido de ajuda e incentivo.
Um dia, uma Professora do Rapaz comentava com o Professor Velho, o que está na biblioteca e fala com os livros, como seria bom que todos os alunos fossem simpáticos como o Rapaz. Depois de a ouvir o Professor Velho naquele jeito sereno disse-lhe.
Não estou muito convicto de que seja assim como tu dizes Professora. Parece-me que esse Rapaz não está muito bem. Padece de mal-estar na confiança. Tê-la-á perdido e não sabe onde a procurar, talvez os adultos a tenham, pensa ele. Antes que ele desista, ajudem-no a encontrá-la. Ele poderá parecer menos simpático, mas vai ficar um Rapaz mais feliz, mais confiante”.

3 comentários:

Marco Santos disse...

O rapaz é uma metáfora para a perda de confiança que subsiste na neblina dos dias assombrados pelo estrangulamento económico? Este rapaz é a juventude (Classe média incluída) que se vê sem esperança de obter rendimentos (esse combustível que nos amarra à sociedade e nos grilheta toda a vida?)

Eu creio que não é um mal estar na confiança, porque acredito veementemente e com pesar afirmo que a resposta a esta prisão monetária que sufoca tudo o resto, não se encontra na sapiência da idade nem no saber livresco...

Infelizmente a resposta a este mal estar na confiança, é um erro de lógica.

Porquê?

Porque não há restituição da confiança.

Há prisões dos tempos modernas, edificadas em sentidos morais que visam única e exclusivamente o lucro. Há preços exorbitantes a pagar por m2, há nichos familiares a preservar, há "Jobs for the Boys", e há o eterno processo de acumulação de capital.

O que não há, são respostas milagrosas, nem retomar da confiança, porque se isso fosse possível a nossa vida não seria realidade seria um romance.

Post Scriptum: Lamento se interpretei de forma errónea o seu post.

Zé Morgado disse...

Olá Marco, Achei muito interessante a ua reflexão e uma leitura possível daquilo que escrevi. Existe gente que, à falta de confiança, seja lá isso o que for, arruma o mal-estar no cinzentismo que anula, como diria o Pessoa assumem-se como fingidores e, às tantas; já acreditam que são mesmo assim. Vá passando

Marco Santos disse...

Vou passando com certeza :).