sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

NOSSA SENHORA DA GRAÇA DOS DEGOLADOS

Uma deambulação curta pelo Meu Alentejo, lindo como sempre e em qualquer altura do ano, fez-me passar ali para as bandas de Campo Maior por uma aldeia de nome impressionante, Degolados, leram bem, Degolados. Esta aldeia pertence, confirmei agora, à Freguesia de Nossa Senhora da Graça dos Degolados.
Os nomes das terras deste jardim têm uma riqueza e diversidade surpreendentes como, aliás, um trabalho recente no Público evidenciou. Mas fiquei a pensar em Degolados. Que nome trágico para uma terra onde nasce gente. Terá a lindeza mas o nome Deus meu, assusta.
É certo que quem por ali chega ao mundo tem a bênção de um nascimento no Alentejo, mas nascer nos Degolados é pouco animador.
Donde és? Sou de Degolados, Nossa Senhora da Graça dos Degolados.
Da graça dos Degolados?
Onde nasceste? Nasci em Degolados, Nossa Senhora da Graça dos Degolados.
Nossa Senhora da Graça dos Degolados?!
Tentei descobrir a origem do nome e, ao que parece, terá nascido de uma antiga Herdade com esse nome e de um ribeiro que o teve e o perdeu, ainda que se não conheça a razão para que Degolados se chamem, mas poderiam existir opções apesar de tudo um pouco mais simpáticas, Embaraçados, Incomodados, Entristecidos ou outra mais leve que degolados.
Talvez Degolados seja a síntese trágica, esperemos que ficcionada, de uma terra grande, a nossa, a que nos tempos que correm parece chamar-se Aflitos, Nossa Senhora da Graça dos Aflitos.

3 comentários:

anónimo paz disse...

A construção da primeira casa remonta a 1538. Naquele tempo havia homens de horizontes longínquos e pensamentos premonitórios.

Não estamos todos na iminência de sermos DEGOLADOS na nossa dignidade ?

Ou sem ainda nos apercebemos não vivemos já com a cabeça (dignidade) separada do corpo ?


saudações

Kaos disse...

Sei que os tempos não estão para grandes optimismos mas o futuro pode estar nas nossas mãos se soubermos exercer os poucos direitos que ainda nos restam. Aqui deixo o meu desejo de um 2012 tão bom quanto o possível.
Kaos
Wehavekaosinthegarden.blogspot.com

Zé Morgado disse...

Caro Kaos, esperemos que o possível seja o suficiente para que uns vivam e outros, muitos, sobrevivam