quinta-feira, 24 de novembro de 2011

UMA HISTÓRIA COM FANTASMAS

Um destes dias estava o Professor Velho, o que está na biblioteca e fala com os livros, sentado num banco do átrio da escola a apanhar uma ponta de sol ao intervalo, quando passou a Professora Teresa e se sentou para dois dedos curtinhos de conversa.
Olá Velho, vinha a rir-me para mim de uma coisa completamente disparatada. Imagina que de há uns dias para cá tenho uns sonhos estranhos mas engraçados, felizmente. Vou andando na rua e só me surgem umas criaturas assim parecidas com fantasmas a rir e a meter-se comigo. Quando me aproximo, vejo que os fantasmas têm a cara de alguns dos meus alunos. Riem-se muito e afastam-se. Quase sempre a mesma coisa, que estranho.
De facto, é curioso Teresa. Comigo sucede-me frequentemente algo de parecido mas ao contrário.
Não entendo Velho.
Vejo os fantasmas mas quando estou acordado.
Vês os fantasmas quando estás acordado, também estás a gozar comigo, como acontece nos meus sonhos.
Não estou a gozar, é verdade. Ponho-me a olhar para alguns miúdos, mais pequenos e maiores, que vou conhecendo por aqui e só vejo fantasmas. Vejo fantasmas de insucesso, vejo fantasmas de abandono e solidão, vejo fantasmas de ausência de rumo, vejo fantasmas de pressão insuportável, vejo fantasmas de insegurança, vejo fantasmas de turbulência desregulada, vejo fantasmas de dificuldades, etc. Na verdade, mais do que às vezes imaginamos, existem miúdos com vidas assombradas com fantasmas que só conseguimos perceber estando bem atentos e acordados.
Nem sei o que te diga.
Sonha.

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