terça-feira, 29 de novembro de 2011

OS MIÚDOS VÃO SEMPRE ATRÁS

Há uns anos, quando as preocupações com a segurança rodoviária, designadamente no que respeita aos mais novos, surgiu um espécie de slogan que pegou. Tratava-se de qualquer coisa como "comigo as crianças vão sempre atrás".
Creio que apesar daquele jeito tão nosso de lidar com as leis, não as entendemos como imperativas mas como simplesmente indicativas, de um modo geral os miúdos passaram a andar no banco de trás.
Acho mesmo que os miúdos, boa parte deles, passaram a andar demasiado no banco de trás, alguns mesmo a "viver" no banco de trás.
Na verdade, se atentarmos nas dinâmicas familiares reparamos que os miúdos passam algum tempo no banco de trás a caminho ou de regresso da escola ou ainda em trânsito para as inúmeras actividades fantásticas que tornam, obviamente, os miúdos fantásticos, ainda que cansados é certo. Em muitas situações, por ser demasiado cedo ou por cansaço os miúdos vão "abandonados" no banco de trás. O mercado, sempre atento, já equipa alguns carros com ecrãs nos bancos de trás para que nem aí falte a companhia mais presente na vida de muitos gaiatos, um ecrã.
Em casa, no pouco tempo que as famílias têm para uma coisa que tem caído em desuso e que eu desejo que conheça uma retoma, conversar, muitos miúdos continuam no banco de trás, o mundo dos adultos está tão complexo e inquietante que nem sempre os miúdos cabem nessas conversas, ficam mesmo no banco de trás. Nessas alturas muitos deles agitam-se, fazem-se ouvir insistentemente, "estão a chamar a atenção", dizemos e descansamos. Claro que estão a chamar a atenção da maneira que vão aprendendo que funciona, ou seja, incomodando e irritando os adultos.
De facto, não é fácil a vida no banco de trás, para os miúdos bem entendido. Para muitos adultos é um sonho nunca atingido.Não estou a falar de viajar de táxi.

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