quinta-feira, 17 de novembro de 2011

OS CASTIGOS DOS MIÚDOS

E pronto, lá temos novo alarido em torno da indisciplina dos gaiatos.
Agora soubemos pelo Público que uma escola de Benavente castigou seis miúdos entre os seis e os nove anos com dois dias sem almoço na cantina, porque se portaram mal, exactamente quando se dirigiam para a cantina. O castigo terá deixado os pais zangados.
Sempre tenho defendido que os miúdos precisam, tal como comer, das regras e dos limites que lhes permitam organizar os seu comportamentos e assumirem uma forma regulada de funcionar.
Neste contexto, a administração dos chamados castigos é sempre algo em aberto e em que com muita dificuldade se obtêm posições fechadas e indiscutíveis.
Assim sendo, mais do discutir a utilização, ou não, de alguma forma de castigo, fará sentido alguma reflexão sobra a natureza e limites do que poderá ser um castigo.
Do meu ponto de vista e por princípio, privar ou dificultar o acesso a necessidades básicas não parece ajustado (não conhecendo a situação dos miúdos envolvidos nem sequer sei qual a implicação da proibição de almoço na cantina). Parece-me também que o recurso que alguns adultos fazem de castigos que envolvem uma forte dimensão emocional, sobretudo em miúdos pequenos, deve ser evitado pelas implicações eventuais na segurança e confiança dos miúdos em si e nos adultos.
Também não simpatizo com administração de castigos que estejam associados a tarefas que devem ser realizadas regularmente e em contextos positivos. Dou-vos um exemplo curioso para tentar ilustrar esta minha ideia. Numa escola que conheci os meninos que se portavam mal iam para a biblioteca o que acho notável, os miúdos olhavam para a biblioteca como a "cela prisional" e, estranhamente, não gostavam da biblioteca.
Dito isto, mais interessante e mais útil do que discursos radicais em torno deste episódio negativo, seria reflectirmos como estamos a proceder na acção educativa, familiar e escolar, nesta imprescindível tarefa de fornecer aos miúdos a construção das regras e limites de que eles precisam, como disse acima, tanto como comer ou respirar.

20 comentários:

Luis disse...

Enfim, leu os comentários dos leitores no Público? Chocam-me bem mais esses do que a notícia em si. Nalguns países a acção da directora daria processo criminal, e aliás penso mesmo que em Portugal também se o nosso inefável ministério público decidir agir. Aparte isto, há dois aspectos que me merecem um reparo: primeiro é a proporção do castigo, ainda mais tendo em conta a idade. Estamos a falar de miudos entre os 6 e os 9 anos que a única coisa que fizeram foi desatar a fugir pela rua abaixo. Existirá alguém neste mundo que não se recorde de ter feito algo semelhante? Eu não estou aqui a defender que não fizeram nada de mal, mas pergunto: se por ficam sem almoço, o que fariam se tivessem batido num colega, ou partido qualquer coisa? Uma carga de porrada? Fechavam-nos num armário? Há que ter conta, peso e medida, até mesmo para que as crianças se apercebam da gravidade das acções delas em vez de nivelarem a um mínimo denominador comum. Aliás é isto responsavel por muitas situações lamentáveis que por vezes vemos de jovens e adultos que reagem por igual de forma absolutamente desproporcionada em qualquer que seja a situação. Em segundo lugar, a pedagogia do castigo: o que é que ensinaram às crianças tirando-lhes o almoço? Que se não obedecerem às encarregadas passam fome? Ensinar-lhes o que é a fome? Só falta mesmo virem defender que dado o estado do país isso até nem é má ideia como preparação futura.


Enfim, todo este episódio só demonstrou duas coisas: continuamos a ter nas nossas escolas, e especialmente à frente delas, pessoas sem qualquer preparação ou competência para isso. E mostrou também, pelos comentários da notícia a mentalidade típica dos Portugueses, o que explica largamente os nossos males: como é que é possível o país avançar quando as pessoas não têm qualquer conceito de civismo.

Zé Morgado disse...

Absolutamente de acordo

Anónimo disse...

Falta de pessoas com competência ou preparação à frente das es colas!? Sabe do que está a falar? Continuamos é a responsabilizar a escola por todos os males da sociedade. Os pais continuam a delegar as suas funções de educar à escola. A escola tem regras e algum dia, têm de se aplicar as consequências por não se cumprirem as regras. Pois é, todos nós um dia andamos a correr pela rua e tivemos sorte em não sermos atropelados, porque enquanto os alunos estão em horário escolar, estão sobre a responsabilidade da escola. Se os alunos fossem atropelados e aí sim era um mal maior, a escola ia ter muitos problemas e os meninos também. Já pensou nisso? Que o castigo serve para todos os alunos e pode evitar males maiores. Também não acredito que os alunos ficassem sem almoçar, provavelmente a escola inteirou-se se os pais, os avós ou outros familiares lhes dariam o almoço. Parem de responsabilizar os professores e as escolas, por aquilo que os pais têm obrigação de fazer. As escolas e os professores,aos cortes que têm levado e com as parcas condições que auferem, têm feito um excelente trabalho! Bem hajam todos aqueles que todos os dias com os poucos recursos que têm prestam um grande contributo à nossa sociedade!

Luis disse...

Eu não responsabilizei a escola por todos os males da sociedade. Aliás, precisamente o contrário, condenei sim, que num caso especifico o extrapolassem precisamente nesse sentido, sacrificando pelo caminho meia dúzia de crianças de 6 ou 7 anos. Os miúdos em causa não têm culpa das frustrações dos professores, nem deviam ser sacrificados por elas. Também o argumento de existirem regras é vão já que existem regras e regras, umas melhores, outras piores, e outras ainda totalmente inaceitáveis. Se aceitarmos que por estar nas regras está tudo bem, então não devíamos ficar chocados por por exemplo em certos países apedrejarem mulheres até à morte por terem sido violadas, afinal está nas "regras". Cabe-nos a nós como sociedade definir o que é aceitável e o que não é aceitável, e, sinceramente deixar crianças de tenra idade sem comer por dá cá aquela palha, não o é de todo. No fundo a tentativa pálida de argumentação só veio dar razão aquilo que eu digo: em primeiro lugar temos docentes, e ainda mais dirigentes, nas escolas sem qualquer competência para tal, científica, mas especialmente pedagógica. Com tantos professores desempregados isto simplesmente não se justifica. Somos também um país onde a culpa morre solteira, ou alguém pensa que a directora da tal escola será responsabilizada seja pelo que for? Finalmente como sociedade deixamos muito a desejar, se é que sequer temos qualquer conceito de sociedade em Portugal. Repare-se no seguinte, se está nas regras é para cumprir, não importa o quão absurdo sejam, o quão mal façam, ninguém reclama, ninguém contesta. É da consciência das pessoas, da vontade e preocupação delas em fazer o bem, em constantemente melhorar, que se forma uma consciência social, que se estabelecem determinados valores que nos prestamos a defender a despeito da existência de qualquer regra formulada por um iluminado qualquer. Ora não vi aqui qualquer valor, não vi aqui qualquer preocupação, ou sequer qualquer ideia coerente que pelo menos desse qualquer significado, por mais absurdo que fosse à acção. Vi sim, ao mesmo tempo que vociferava contra a generalização, contra o culpar as escolas por todos os males da sociedade, não se importar simultaneamente de sacrificar 6 crianças para os expiar.

Sugiro seriamente que medite nas suas palavras, são horríveis e chocam-me verdadeiramente ainda mais porque a avaliar pelos comentários nos jornais reproduzem a opinião de muitos: a maior preocupação que demonstrou caso os miúdos tivessem sido atropelados foi… os problemas que daí adviriam para a escola. Ora, se seis miúdos tivessem sido atropelados, acha que isso realmente ia importar? Atrevo-me a dizer que neste caso que se… a escola (e sim eu também sei dizer nomes feios). Depois defende o castigo absolutamente desproporcional e imoral de seis crianças pequenas a título de exemplo para toda a escola, com a argumentação de se evitarem assim males maiores (que males?) no futuro. Isto faz-me lembrar uma argumentação célebre: enforcam-se uns quantos e o resto acalma. Por acaso nisto ocorreu-lhe que estamos a falar de crianças pequenas de seis anos? Pergunto-me sinceramente como é que é possível alguém defender castigar um miúdo pequeno a título de exemplo seja do que for? E depois, só porque os pais alimentaram os miúdos fica tudo bem, e não houve portanto nisto qualquer mal ou problema? Pergunto-lhe assim: como é que se explica a uma criança de seis anos uma coisa destas? E como é que ela o entende? E o quanto é que este episódio a irá marcar para o resto da vida, porque há coisas que nunca esquecemos?

Luis disse...

E finalmente, ao mesmo tempo que pede para culparem as escolas de todos os males atira-os na integra para cima dos pais. É irónico não é? Não querem que se generalize a partir deste caso mas não têm qualquer pudor em o fazer em proveito dos professores. Só que ninguém aqui culpou as escolas, os professores, seja pelo que for. Falou-se sim duma acção concreta, feita por uma pessoa concreta, que não mostrou, ao que consta qualquer arrependimento até agora, e deveria merecer o nosso maior repúdio e reprovação. Mete-me impressão que na defesa da classe, porque é disso que verdadeiramente se trata, haja pessoas, muitas até, que não se importem de atropelar as crianças que supostamente deviam proteger. Os meus avós eram professores, a maioria dos meus primos e amigos são professores, e não acredito que nenhum deles seja capaz de defender este episódio. É que é imoral sequer para começar.

Eu tenho três filhos, todos na primária, e por isso revejo-me imenso neste episódio. Não os trato com paninhos de lã, nem penso que tenham rabo de cristal, mas tento ser justo com eles, não descarregando neles as minhas frustrações. Se os castigo, faço questão de lhes explicar o porquê do castigo, para que aprendam e se possível não repitam, e também que o mesmo seja proporcional à asneira que fizeram ou doutra forma a única coisa que lhes ensinarei será a temerem-me. Mas especialmente, porque sou adulto, e supostamente uma pessoa inteligente, tento não ser imbecil como uma certa directora duma escola.

Nisto aquilo que menos compreendo é como é que os pais dos miúdos em causa aceitaram esta situação: eu teria simplesmente chamado a polícia. Nisto aliás não tenho quaisquer dúvidas de que a dita directora infringiu a lei (está a ver, para além das regras das escolas escritas por um iluminado qualquer, existem outras que também temos de cumprir) e acho portanto que assim devia ser responsabilizada. Ou, muito no mínimo, afastada de funções para as quais não tem claramente competência para cumprir.

Anónimo disse...

Caro anónimo, (também o sou, frequentemente neste blog, mas por preguiça de fazer logins e por identificações e todas as burocracias que até a internet tem), o Professor José Morgado sabe perfeitamente daquilo que está a falar.

Você aparentemente não.
Tem a ilusão estranha de acreditar que não existem à frente de escolas pessoas mal preparadas, com muito boas intenções todas, mas com metodologias que dão resultados muito errados. É uma boa ilusão...e já que estamos no Natal, há um não-sei-que de adequado para acreditar em ingenuidades.

Infelizmente isto não espelha a sua esperança e ingenuidade. Espelha uma falta de humildade em acreditar que um professor ou funcionário educativo ainda tenha algo a aprender. Que talvez aquilo que ele saiba, faça, já não é ou nunca foi adequado, e nos tempos de hoje, felizmente ele pode receber a formação devida.

Um médico, quando se forma, tem que se actualizar constantemente no seu conhecimento.
Não compreendo porque o anónimo acha que um funcionário educativo deveria de ser diferente.

Acho também que deveria de reler a entrada no blog. Ninguém aqui responsabilizou a escola de coisa alguma (de má noção do que é responsabilizar e integrar pais, alunos e professores, sim, mas de mais nada).

Você quer responsabilizar ou castigar?
responsabilizar é algo completamente diferente de castigar. Estranhamente nós vemos como sinónimos.
Vemos mal.

Fazemos isso porque quando se castiga, seja lá que castigo for, adequado ou não, este é justificado como "responsabilidade" pelo acto. Então confundimos imenso as coisas.

"Pois é, todos nós um dia andamos a correr pela rua e tivemos sorte em não sermos atropelados, porque enquanto os alunos estão em horário escolar, estão sobre a responsabilidade da escola."
Só?
Quando era pequeno (se é que alguma vez o foi) nunca foi brincar para a rua depois das aulas? Ao fim-de-semana nunca disse a um pai "vou brincar às escondidas para a rua"?
Terá agora sorte se o computador de onde escreve não fizer curto circuito e o matar?

Tenha juízo anónimo.

"Também não acredito que os alunos ficassem sem almoçar, provavelmente a escola inteirou-se se os pais, os avós ou outros familiares lhes dariam o almoço."

Já que estamos no campo da adivinhação, poderia dizer-me os números do euromilhões?

Ninguém diminuiu o papel fundamental e extremamente importante (e difícil dos professores).
Sabe isto não é uma guerra, com lados e barricadas de cada lado da trincheira. Portanto, da próxima vez que ler algo, tente aprender com isso (disparate, o anónimo não precisa), respire, vá lá fora respirar um pouco, e volte a ler, porque se lê algo com que não concorda inteiramente, assume conclusões tiradas sabe-se lá de onde e extrapola disparates avulso.

Gosto imenso de discordar aqui do Professor José Mordado, já o fiz várias vezes(peço-lhe desculpa pelo anonimato, mas nunca gostei muito daqueles meus antigos colegas que orgulhosamente se pavoneavam por aqui enquanto tinham a sua cadeira para apenas desaparecer depois desta concluída, portanto assumo o anonimato como estado permanente), porque cada vez que discordo, aprendo algo, mas quando o faço, faço com aquilo que foi escrito aqui, e não com aquilo que imagino numa intenção maléfica que só eu consigo ver e delírios afins.


Já agora, culpo a má educação do anónimo a quem? Já que gostamos tanto de atribuir culpados como se a atribuição da culpa solucionasse o problema...aos seus pais ou aos seus professores? Não lhe posso culpar a si porque pelos vistos estes três elementos funcionam isoladamente e a crença é de que a personalidade das crianças não existe e elas são apenas fantoches para educar a nosso bel-behaviourista-prazer.

Anónimo disse...

Os pais sem educação é que ficam indignados: por acaso sabem o que se passa dentro das escolas e a violência alguns alunos exercem aos colegas nas cantinas. Pois bem, nem nas prisões se vê. Que tal os Encarregados de Educação colaborarem e estarem lá à hora de almoço, revesando-se?Esta gente morde e ensina os filhos a morder a mão que lhes dá o comer. As crianças não têm culpa, culpa têm os seus progenitores. Sabem o que são crianças a cuspir dentro dos copos de água e pratos de colegas e atirar a comida ao chão entre outros? É isso que defendem? Continuo a afirmar existem regras na sociedade e todos têm que as cumprir!
Quantas vezes é que as funcionárias terão chamado os meninos que corriam longe do grupo? Quem tão facilmente atira pedras já pensou no efeito de "contágio" que pode ter uma atitude como a do rapaz que correu no meio da rua? E já pensou na responsabilidade levianamente imputada às funcionárias em situação de acidente e novamente digo, no que podia acontecer aos alunos em caso de acidente? Porque ao contrario do que comentaram, o castigo deu-se porque os meninos podiam ter sido atropelados, "mal maior". Tratem mas é de educar as crianças a obedecer e deixem-se de "psicologias baratas"! Os meninos não vão morrer à fome: levam almoço ou então vão almoçar a casa! Afinal, uma mãe até foi buscar o filho - é porque podia! Tomara eu ter a possibilidade de ir buscar a minha filha todos os dias para almoçar! Sempre que posso, faço-o. Aprovo a decisão do Agrupamento e se fosse a minha filha ainda seria mais castigada por mim, não pensem que sou a favor da violência, mas há várias formas de falarmos com os nossos filhos e de os castigarmos. Tenho dito.

Anónimo disse...

Pronto, já faltava o clássico insulto "psicologias baratas".

Peço desculpa, mas é uma labrega ignorante. O medo que se tem da psicologia é cómico-tragico.

Deixe-se você de opiniões pessoais baratas, enviesadas, populistas, que tenta passar como factos.

Anónimo disse...

Só a título de exemplo, ainda me explico melhor. A minha filha com 4 anos e outros meninos da turma dela, eram ameaçados com a faca e o garfo diariamente, por outro menino. Quando a educadora tentou falar com os pais, ainda foi insultada à frente de quem quis ouvir. Este menino nunca foi castigado, para não ficar traumatizado. Para ele não ficar traumatizado e marcado para a vida toda dele, andavam os outros meninos todos aterrorizados. É justo, isto é viver em sociedade! Ter pena e deixar andar. Não ter coragem de tomar decisões, por mais duras que elas sejam na hora certa. Sim porque este menino da maneira que vai, concerteza vai ter um futuro promissor, continuo no campo da adivinhação... e assim me despeço e não perco mais tempo com isto. Volto a dizer. Bem hajam todos aqueles que na hora certa tomam atitudes certas, embora mediáticas, cheias de psicologias baratas, etc.

Anónimo disse...

Sabe porque insulta? Deduza se for capaz?

Luis disse...

“Os pais sem educação é que ficam indignados: por acaso sabem o que se passa dentro das escolas e a violência alguns alunos exercem aos colegas nas cantinas. Pois bem, nem nas prisões se vê.”

Bem, devo confessar que adorei. É brilhante!

Eu até responderia linha por linha aos seus argumentos, mas receio pelo caminho perder neurónios. Pergunto-lhe portanto apenas o seguinte: como é que uma má acção justifica outra má acção. Ou mais facilmente, e porque reconheço que a capacidade de entendimento não é muita, como é que o facto de os miúdos terem agido mal justifica que depois ajamos mal para com eles também?

Eu concordo em absoluto quando diz “Quantas vezes é que as funcionárias terão chamado os meninos que corriam longe do grupo? Quem tão facilmente atira pedras já pensou no efeito de "contágio" que pode ter uma atitude como a do rapaz que correu no meio da rua? E já pensou na responsabilidade levianamente imputada às funcionárias em situação de acidente”. Só que não entendo que isto seja justificação para se ser alarve, é simples. O facto de os miúdos terem sido inconscientes não quer dizer que o sejamos também. Afinal eles são crianças, têm essa desculpa, já nós somos, supostamente, adultos.

Além disso permito-me a dizer o seguinte: estamos a falar de miúdos de seis e sete anos. Por melhores que sejam os pais haverão sempre de fazer asneiras, haverão sempre de ter momentos de aventura inconsciente, e outros mesmo de puro terror. A não ser que lhes demos cargas de porrada e instituamos um verdadeiro regime de terror, o tal das prisões de que fala, o tal de lhes negar o almoço, isto é simplesmente impossível de evitar. Trata-se da simples natureza, e nem digo sequer humana já que é comum a todos os animais.

Dois dos meus três filhos tiveram episódios de me fugirem na rua, e bem sei o medo que isso é. Levaram automaticamente uma palmada no rabo que até viram estrelas, mas depois tive o cuidado de lhes explicar que tinham procedido mal, que era perigoso, e porque é que era perigoso numa linguagem que entendessem e eles nunca mais o repetiram. Não lhes tirei o almoço durante dois dias nem penso que isso tivesse ensinado ou resolvido fosse o que fosse.

Sabe, tenho pena da sua filha…

Luis disse...

Cara anónima, explique-me sff como é que o episódio da sua filha tem a ver com o caso em questão, ou porque é que os miudos em causa hão de pagar por ele? Ninguém aqui defendeu a irresponsabilidade das crianças, apenas a proporcionalidade do castigo, e que o mesmo servisse para educar, ensinar algo aos miudos, em vez de simplesmente punir. Mete-me impressão a quantidade de pessoas disposta a descarregar as suas frustações pessoais em cima de 6 crianças pequenas que nem sequer conhece.

Sabe, este caso não tem nada de psicologia barata de que tanto gosta, ainda se ao menos fosse isso... Tem sim de simples imbecibilidade e incompetência crassa, e não deixa de ser curioso que tendo uma filha não se importe de a mesma poder ser "educada" por pessoas assim.

Anónimo disse...

Vou assumir a sua ignorância (e um certo ódio mal resolvido...talvez seja hora de consultar um "psicologo barato"?) com tom paternalista e responder-lhe:

Quem se sente indignado são pessoas. Como você e como eu, por muito que se ache superior. (Eu francamente desde de que li o seu primeiro comentário acho-a mal-educada e desagradável mas adiante).

São também pessoas que sabem que um castigo tem que ser válido e lhes abomina a ideia de negar necessidades e serviços básicos a crianças como "castigo".
Para um castigo ser válido precisa de representatividade. Isto quer dizer que precisa de espelhar uma consequência directa com o motivo, responsabilizar ou seja ENSINAR (porque esta palavra teima em aparecer no meu discurso sobre educação...ensinar...que coisa estranha) as consequências do motivo, e por último, o castigo deve ser em si uma explicação do mesmo.

Nem você, nem eu, somos alguém para ditar se os pais são ou não bons educadores. Sabe detalhes desta noticia? Conhece os pais? Que o método educacional, seja mais ou menos indicado e tenha mais ou menos frutos nos seus objectivos é outra questão, mas você, e eu, não somos ninguém para dizer que este pai não quer educar. Portanto repito, você conhece os detalhes desta noticia tanto quanto eu, e certamente conhece ainda menos os pais, as crianças, a vivência dos envolvidos, portanto tenha um pouco de humildade e não diga com tom paternalista e cínico que são pais sem educação.

Talvez saibam educar e tenham miúdos estúpidos, talvez não quisessem educar, talvez se preocupem mas eduquem com métodos desadequados....você sabe tirar este tipo de conclusões apenas com uma parca explicação do mau-comportamento dos miúdos pela noticia?

Não estamos a falar de violência, estamos a falar de um caso em particular. Não tente justificar uma coisa com assuntos completamente diferentes (já nem digo problemas completamente diferentes!)

Adoro também a sua comparação teatral da prisão. Excesso de TVI.

"Que tal os Encarregados de Educação colaborarem e estarem lá à hora de almoço, revesando-se?"
Ora agora esteve muito bem.

Que tal, em vez deste castigo, responsabilizar, e a escola funcionar na dinâmica escola-sociedade(pais)-alunos? Aproveitar avós, pais que tenham disponibilidade? Não acha que isto sim tinha muito mais efeito e relevância com o que os miúdos fizeram?

"Esta gente morde e ensina os filhos a morder a mão que lhes dá o comer."
Peço desculpa mas você é uma preconceituosa desprezível que fala do que não sabe, com delírios de superioridade.

Anónimo disse...

"As crianças não têm culpa, culpa têm os seus progenitores."

Leia o meu primeiro post.
Já agora, ainda bem que encontrámos UM culpado. Agora já está tudo resolvido. Não? Atribuir culpas não resolve os problemas?? Ora essa....que coisa estranha...

Pois é...não, não resolve.

"Sabem o que são crianças a cuspir dentro dos copos de água e pratos de colegas e atirar a comida ao chão entre outros?"
Sei. Também nunca recebi uma medalha de mártir. Fazer o que?

"É isso que defendem?"
É? Não sabia. Adorava saber como concluiu isso.
Ah deve ser pelo mesmo método que adivinhou as competências educacionais de todos os pais (menos Vossa Excelência claro está).
Ainda estou à espera dos números do euromilhões.


"Continuo a afirmar existem regras na sociedade e todos têm que as cumprir!"
Antes de as cumprir, devem aprender, devem aprender a cumprir estas, e compreender porque elas existem. No meu entender social, você foi imediatamente agressiva e mal educada. E agora? Porque não cumpriu as regras da sociedade? Porque são percepcionadas de modo diferente por pessoas diferentes? Porque as regras da sociedade não é mais do que o conjunto de valores vigentes? Porque até as suas regras divergem das da sua mãe, as da sua mãe para as da sua avó e adiante?
Pois...por isto tudo.

Aprenda.

"Quantas vezes é que as funcionárias terão chamado os meninos que corriam longe do grupo?"
Não sei. Se eu soubesse adivinhar não lhe estava a pedir o numero do euromilhões. Você gosta muito de inventar cenários.

"Quem tão facilmente atira pedras já pensou no efeito de "contágio" que pode ter uma atitude como a do rapaz que correu no meio da rua?"
Leu em algum lado que não deva existir algum tipo de castigo e responsabilidade por isso?
Não,não leu. Se leu, é esquizofrénica e já que está a alucinar diga olá por mim aos Beatles. Quem "atira pedras", atira ao método do castigo.

"E já pensou na responsabilidade levianamente imputada às funcionárias em situação de acidente e novamente digo, no que podia acontecer aos alunos em caso de acidente?"
Vou-lhe dar uma novidade que pode ou não saber: cada um escolhe, ESCOLHE, o seu rumo profissional na vida, logo, ESCOLHE as responsabilidades anexadas a essa profissão. É esta escolha que trás a responsabilidade. As pessoas têm muito medo de se aperceberem que são livres, porque a liberdade trás escolha, e a escolha trás responsabilidade. É assustador não é?

"Porque ao contrario do que comentaram, o castigo deu-se porque os meninos podiam ter sido atropelados, "mal maior"."
Comentaram? Os Beatles?

"Tratem mas é de educar as crianças a obedecer"
Isso é o mais fácil.
Educar, criar, formar crianças para serem indivíduos enquadrados no funcionamento em sociedade, com eles, com o mundo e com os outros é que é mais difícil.

Mas dá trabalho. Obedecer é mais fácil.

Você acha que educar é por uma criança a obedecer...está bem...cada um na sua, mas espero que saiba, que segundo os meus padrões individuais, você é uma má educadora.

"Os meninos não vão morrer à fome: levam almoço ou então vão almoçar a casa!"
Levam almoço para almoçar onde? Na cantina? Ah pois...não podem.

"Afinal, uma mãe até foi buscar o filho - é porque podia!"
Ah então tudo está resolvido!!
Se uma mãe pode não é?!

A sério você é assim uma besta tão grande?

Pode?

Pode que?

Economicamente podia? Você sabe? Ou TEVE que?

"Tomara eu ter a possibilidade de ir buscar a minha filha todos os dias para almoçar!"
E os outros pais que não puderam? Vá-se lixar que tem é uma azia de ser mãe muito forte.

Anónimo disse...

Portanto a anónima desapareceu.

Veio cá dar o seu parecer muito pessoal, exaltada e ofensiva, fez umas generalizações, descarregou algo, e foi-se embora.

Não aprendeu nada. Também não veio aqui com a postura de quem queria levar uma opinião contrária e aprender ou ensinar algo com ela.

Vai contra todo o sentido inclusivo mas por vezes apetece-me dizer que realmente "burro velho não aprende línguas".


Numa nota menos cínica, é de lamentar o estado de desespero a que os pais por vezes chegam, por não saberem o que fazer nem a quem recorrer quando o sistema educacional falha, e doravante assumem esta posição antagónica face à escola e tudo o que ela representa (que passam aos filhos). Como a anónima, muitos comentários na noticia são de pais a quem o sistema educacional não deu resposta e agora é tarde demais para quererem ouvir alguma.

Daqui reforço, mais do que nunca, é importante sensibilizar as escolas, pais e miúdos, para se aperceberem que são ambos responsabilidade das falhas uns dos outros e são ao mesmo tempo em si solução para os outros.

Zé Morgado disse...

Resta-me agradecer o veosso acalorado envolvimento que me deixa optimista. Normalmente as pessoas só se envolvem com aquilo que as preocupa. Assim, apesar de discordar de várias coisas que aqui li, acho que todos vós estão preocupados com os miúdos. Já é bom

Luis disse...

Não querendo reabrir a questão, e com o devido respeito ao autor do blogue, já me estava a meter impressão a quantidade de comentários a tocar o alarve nas páginas do Público até que reparei que a notícia vinha ilustrado com uma fotografia de... duas crianças ciganas. Repare-se que ninguém menciona isto, mas o ódio está lá todinho. Quem pensa que Portugal é um país de brandos costumes não se deve lembrar que, por exemplo, tivemos três séculos de inquisição como nenhum outro país teve, que queimámos mais pessoas, mulheres e crianças na fogueira enquanto dançavamos à volta dela, como nenhum estado fundamentalista hoje dia fez ou alguma vez fará.

Anónimo disse...

Tem toda a razão Luís!
Francamente...tem toda a razão. Não tinha reparado. Realmente agora compreendo porque se extrapolou de miúdos a sair da fila de almoço a correr para violência com facas e sei lá que mais.
Enfim....tanto preconceito que ainda existe...e é ainda mais de lamentar o preconceito incentivado pelos meios de comunicação que deveriam de ser os primeiros a estar atentos.

Zé Morgado disse...

Caro Luís, achei interessantes os seus comentários, vá passando

Zé Morgado disse...

(inadvertidamente coloquei o comentário anterior sem o terminar). Mesmo quando não estou de acordo com algumas afirmações, coisa que aconteceu nesta troca de opiniões entre os leitores, acho que discutindo ideias de forma aberta e tranquila é positivo, sobretudo no cao que a mim mais me inquieta, o mundo das pessoas, sobretudo o das pessoas pequenas, os miúdos. Cumprimentos para todos.