quarta-feira, 23 de novembro de 2011

O DESPUDOR

A vida política na Madeira tem sido de há muitos anos um espectáculo sem decoro e pouco recomendável em termos éticos. Tem os mesmos vícios do ambiente político nacional, a partidocracia, mas consegue exceder-se em despudor e falta de respeito por regras elementares da vida política das democracias parlamentares.
Quando já nada parece pode surpreender-nos, a ousadia despudorada dá mais um passo no sentido do abismo sem fim da falta de consciência ética.
Agora, o regimento parlamentar foi alterado pelo PSD permitindo que um só deputado vote por toda a bancada, prevenindo assim o risco de perda de alguma votação por ausência de deputados seus, tem apenas mais dois deputados que a oposição.
Como seria de esperar, toda a oposição votou contra esta alteração, bem como contra outras com a mesma natureza "democrática".
A essência da democracia parlamentar a representatividade dos eleitores pelos seus eleitos é assim ferida de morte, os eleitos podem ser "representados" por qualquer deles que vota em nome de todos. No limite este entendimento poderia levar à anedótica situação de para se poupar custos a Assembleia poder funcionar com um deputado por bancada.
No entanto, sabemos todos que, na Assembleia Regional, com na Assembleia da República, as votações são, quase sempre, “partidocráticas” e não "democráticas", os deputados, na sua esmagadora maioria, são uns "yes man" sem consciência própria que, esquecendo que são mandatados pelo cidadãos eleitores, carregam no botãozinho que o chefe manda. Provavelmente por esta razão, os deputados do PSD-Madeira, neste caso, votaram esta alteração que os destrata de forma grave e inaceitável sem um sobressalto.
É exactamente por assim acontecer que a credibilidade e confiança na generalidade dos políticos bateu no fundo, os cidadãos se afastam da participação cívica. Lamentavelmente.

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