quinta-feira, 20 de outubro de 2011

O PEDIDO DE DESCULPAS. Outro diálogo improvável

Pai senta-te aí uns minutos. Precisamos de ter uma conversa muito séria.
Sim Miguel, sou todo ouvidos.
O que é que tu e os outros têm andado a fazer estes anos todos?
Não percebo.
Eu explico. Não vos ensinaram que é preciso fazer as coisas bem feitas?
Sim, mas ainda não estou a perceber.
Devem ter-te educado explicando que é preciso sermos responsáveis. Já te deste conta do estado em que vocês deixaram as coisas para agora nós termos de sofrer com a vossa irresponsabilidade e termos que melhorar o que vocês estragaram?
Miguel, deves já ter ouvido que existe uma crise grande.
E quem é que a causou, fomos nós? Claro que não fomos, foram outros como tu que não fizeram as coisas como deviam ser feitas.
Mas Miguel ...
Qual mas, Pai? Puseram-se a gastar dinheiro em coisas inúteis. Pediram emprestado para comprar brinquedos e armarem-se em ricos ao mesmo tempo que nos dizem que temos que ser poupados e só gastar o que temos.
Desculpa lá Miguel, mas a responsabilidade é de quem manda.
Pai, já muitas vezes te disse que devemos assumir as responsabilidades do que fazemos e não inventar desculpas. Se as pessoas que mandavam fizeram asneiras, foram vocês que os escolheram e foram vocês que não os proibiram de fazer mais asneiras ou pondo outros que fizessem melhor. A nós proíbem-nos, acham que devem ser rigorosos com a gente, castigam-nos e alguns de vocês até batem nos filhos, isso tu não fazes e acho bem. E ainda achas que não têm culpa. Quem é que vai apanhar com estas asneiras todas que andaram por aí a fazer e ainda querem continuar? Nós, é claro.
Acho que estás a ser injusto Miguel. Eu ...
Injusto, ai eu é que estou a ser injusto! Vocês gastaram, gastaram, arranjaram dívidas que não têm fim para nós pagarmos e ainda estou a ser injusto?
Miguel, com essa conversa toda nem sei o que te diga.
No mínimo, no mínimo, tu e os outros pais deviam pedir desculpa aos filhos. E se fossem mesmo competentes, deixavam que a gente tomasse conta das coisas, não se pode confiar em vocês. Tanto que eu tenho insistido contigo, afinal, para isto. Estou muito decepcionado, eu e a maioria dos filhos. Vocês não merecem o que fazemos por vós. Podes ir para o teu quarto. Por hoje chega, mas pensa bem no que te disse, é para teu bem.

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