quarta-feira, 20 de julho de 2011

O SUCESSO E O INSUCESSO. Outro diálogo improvável

Olá Isabel, há tempos que não te via, tudo bem?
Olá Dulce, felizmente tudo bem, cansada mas tudo bem.
Nem me fales, estou estoirada, é só burocracia, relatórios, mais os exames, os horários, as reuniões sem fim. Ainda bem que as férias estão à porta.
Podes dizê-lo, vamos a ver se isto muda agora com o novo ministro, passava o tempo a dizer o que devia ser feito, vamos ver o que faz, ou o que o deixam fazer.
Mas nem tudo corre mal, tenho uma direcção de turma e os miúdos tiveram resultados excelentes.
Comigo nem isso, também sou directora de turma mas os resultados foram péssimos, vimo-nos aflitos para tentar compor o cenário na avaliação, era mesmo mau.
Sabes, tive uma sorte incrível, formámos um grupo de professores fantástico, três eram gente nova mas muito bons e todos muito interessados. Formámos uma equipa boa, a discutir o trabalho, a preparar as coisas para os miúdos, sempre alguém disponível para tentar mais alguma coisa e correu tudo muito bem. É certo que, como se costuma dizer, nos saiu do pêlo, mas valeu a pena.
Olha Dulce, estavas a falar dos colegas e eu a lembrar-me de nós lá na escola. Trabalhámos exactamente assim, fizemos um esforço enorme, trabalhámos tal e qual tu descreveste mas nada. Não conseguimos resultados minimamente satisfatórios.
E qual será a razão?
Os pais, claro. Aqueles miúdos têm todos famílias horríveis, cheias de problemas, não fazem nada, não se interessam. Bem podemos esforçarmo-nos que não adianta. Não irão a lado nenhum.
És capaz de ter razão, estou a pensar que os nossos miúdos são todos órfãos. Tivemos sorte.

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