quarta-feira, 13 de julho de 2011

A "ENTREGAÇÃO" E A INTEGRAÇÃO

A presença das crianças das comunidades ciganas nas escolas públicas nem sempre é algo de pacífico e tranquilo como deveria ser. Crianças em idade escolar a frequentar a escola é, obviamente, uma situação normal.
A questão é que os fenómenos de guetização presentes sobretudo no que toca à comunidade cigana e que são complexos, produzem com frequência situações como a que tem sido notícia em Beja. Que escola ou que escolas devem frequentar as crianças da(s) comunidade(s) cigana(s) de Beja?
Como é também normal emerge uma conflitualidade de interesses em torno da questão assente em valores, experiências negativas ou positivas, estereótipos ou preconceitos de natureza e sinal diferente, dificuldades nas respostas aos problemas, etc.
A pior das soluções parece ser a definição de uma situação que alimente e prolongue a guetização, isto é, para crianças de uma comunidade guetizada uma escola guetizada.
Em termos formais, distribuir as crianças por várias escolas parece mais ajustado. A questão é que não chega.
Como é conhecido por quem lida com estas matérias, não basta ter as crianças na escola para que tudo corra bem. As experiências mostram que as escolas precisam de ter dispositivos e recursos que promovam a presença bem sucedida destes miúdos, como, aliás de todos os outros. Caso contrário, temos o que por vezes designo por “entregação” (estão entregues) e não integração, com os problemas conhecidos daí decorrentes ao nível do rendimento escolar, comportamento, absentismo e conflitualidade.
Por outro lado, as próprias comunidades ciganas devem ser objecto de intervenção e exigências que não pode ficar na atribuição de uma casa num qualquer bairro social (mais um gueto) e na atribuição, por vezes desregulada, do Rendimento Social de Inserção.
Nada mudará e os problemas repetem-se.

2 comentários:

Anónimo disse...

Bonitas palavras.

E até acho que tem razão na maioria do que diz.

No entanto, fazer tudo isso não muda a principal dificuldade em todo esse processo (ou a sua tentativa) de integração das comunidades ciganas: ELES NÃO QUEREM SER INTEGRADOS!!

E no pormenor da escola tenho apenas isto a dizer: eu frequentei uma escola primária onde havia dezenas de miúdos de etnia cigana. Dia em que estes não provocassem problemas (violência séria) era uma sorte! Perdi a conta às tareias que levei de bandos deles que faziam disso desporto. NÃO QUERO ISSO PARA O MEU FILHO!

Não sou racista nem xenófobo. Os ciganos podiam ser loiros de olhos azuis e ter asas como os anjos. O que eles fazem e como se comportam é que não encaixa na sociedade onde vivemos. Eles não têm de ser ajudados, precisam aprender a comportar-se ou cada vez mais a paciência para os aturar vai desaparecendo...

Zé Morgado disse...

Por isso, se bem reparou, falei de exigência, não falei de paternalismo, permissividade ou algo da mesma natureza. Não temos que desculpar ou aceitar tudo, a ninguém, cigano ou não.