quarta-feira, 11 de maio de 2011

MIÚDOS ON-LINE

Embora não o faça com frequência, vou referir-me a um estudo realizado nos Estados Unidos pela revista "Consumer Reports" e divulgado no Público sobre a adesão das crianças às redes sociais. Estão registados 7,5 milhões de utilizadores no Facebook com menos de 13 anos, a idade recomendada pela rede social para proceder ao registo. Destes 7,5 milhões de utilizadores, cerca de 5 milhões têm menos de 10 anos e utilizam a rede social com baixo nível de supervisão dos pais. Parece-me justificável esta referência porque sendo um fenómeno emergente e global, importa que também entre nós se esteja atento à relação dos mais novos com as redes sociais e à forma como nós adultos lidamos com esta questão. Aliás, há pouco tempo foi também divulgado um estudo europeu do Projecto EU Kids, em que se referia que 38 % das crianças dos 9 aos 12 anos têm perfis nas redes sociais enquanto que na faixa dos 13 aos 16 a percentagem sobre para 78 %. Acresce que cerca de um quarto tem perfil público, portanto acessível a qualquer pessoa.
Antes de umas notas breves parece-me também interessante recordar que segundo um estudo recente do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa sobre a utilização da net por parte de crianças e adolescentes, entre os mais novos, dos 8 aos 10 anos, 35.7% afirmam que utilizam a net em casa sem regras estabelecidas, sendo que 42% também referem que não têm controle dos pais sobre páginas consultadas e correio electrónico.
Estes dados, apesar de não surpreendentes, são preocupantes. Muitas vezes já aqui tenho referido como o ecrã, qualquer ecrã, é hoje a “baby-sitter” de muitíssimas das nossas crianças e adolescentes que neles, ecrãs, passam um tempo enorme “fechados”. Como também sabemos, parte importante desse tempo é passado só, facilitando a falta de controlo sobre a utilização do ecrã, neste caso a net. A situação é ainda agravada pelo facto de em muitas das nossas famílias ainda se verificar alguma iliteracia informática que também complica a possibilidade dos pais acederem e dominarem a utilização dos recursos informáticos. Neste quadro, importa que o acesso e domínio destes meios seja estimulado juntos dos pais, que os programas de net segura sejam reforçados, e que pelas vias da educação a tempo inteiro (não confundir com escola a tempo inteiro) e de mudanças na organização do trabalho, se diminua o tempo que as crianças e adolescentes passam, sós, ligados a um ecrã.
Considerando as implicações e nos sérios riscos presentes na vida diária, importa que se reflicta sobre a atenção e ajuda, em informação e na forma de lidar com os riscos, destinada aos pais de forma a que a utilização imprescindível seja regulada e protectora da qualidade de vida das crianças e adolescentes.

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