segunda-feira, 23 de maio de 2011

A GENTE VAI VIVER DE QUÊ?

Segundo o Público existirão cerca de 200 000 pessoas que já terão desistido de procurar emprego e que não constam dos números do desemprego, 688 000 pessoas o que corresponde uma taxa de 12,4%. Estas pessoas inactivas, devido à idade ou à falta de habilitações e em situação de desesperança, aumentariam, se fossem contabilizadas, a taxa de desemprego para 15,5%.
Sabemos também que entre os desempregados registados perto de metade não têm actualmente subsídio de desemprego devido aos ajustamentos nos apoios sociais. Sabe-se também que o memorando assinado com a FMI, BCE e FEEF obrigará o próximo governo a maiores cortes nesta áreas pelo que emerge uma terrível e angustiante questão. Esta gente vai (sobre)viver de quê?
Sendo de esperar um período recessivo e, portanto, sem crescimento, torna-se impossível criar a riqueza necessária e redistribuí-la de forma socialmente mais justa para minimizar esta tragédia.
É certo que em Portugal a chamada economia paralela corresponde a cerca de 24% do PIB e muita gente e muitas actividades estão envolvidas neste universo mas o potencial impacto social destes números é, no mínimo inquietante.
A questão mais estranha é que na campanha eleitoral que agora se iniciou seria imprescindível que os diferentes candidatos e projectos nos dissessem, entre outras coisas, como se propõem lidar com estes problemas, como lidar com perto de um milhão de portugueses fora do mercado de trabalho durante os próximos tempos e, muitos deles, sem apoios sociais que minimizem a luta pela sobrevivência.
Quando oiço as intervenções dos líderes as inquietações avolumam-se. Continuam centrados na luta pelo poder, na construção e rejeição de cenários de poder mas sem nos esclarecer o que de estrutural pensam fazer com esse poder que se propõem conquistar ou manter. Enredam-se em assuntos colaterais e irrelevantes face aos verdadeiros problemas e assistir a estes espectáculos chega a ser insultuoso.
A gente vai viver de quê?

Sem comentários: