sexta-feira, 22 de abril de 2011

O RAPAZ QUE NÃO QUERIA CRESCER

Era uma vez um miúdo, o Manel que como todos os miúdos, gostava muito de brincar. Tinha sete anos, já andava na escola e sentia-se um bocadinho zangado pois achava que tinha pouco tempo para brincar. Estava de manhã até à noite a fazer coisas na escola, coisas que não eram de brincar, chamavam-lhe actividades. Não percebia bem porquê mas os adultos foram deixando de brincar com ele. O pai dizia, “Estás a crescer, tens de fazer os trabalhos”. A mãe dizia, “Prepara-te, quando fores grande a vida é a sério”. A professora dizia, “Não podes brincar, tens de realizar as actividades, assim não progrides”. E toda a gente achava que ele não podia brincar porque “tinha que se preparar para a vida”. Bom, toda a gente não, o avô do Manel, que ele só via nas férias e no Natal, ainda brincava com ele e contava-lhe histórias de rir, algumas até um bocado malucas.
De mansinho, o Manel começou a assustar-se com a ideia de crescer e já não brincar. Decidiu pois que não crescia. E continuou a fazer sempre o que os pequenos fazem, a falar o que os pequenos falam e até parecia que pensava o que os pequenos pensam. Ficou um menino estranho e triste. Toda a gente preocupada e sem entender. Uma vez, de visita ao avô puseram-se os dois a olhar para os bonecos e carros de cana que construíam nas férias. O avô falou, “Manel, toma bem conta destes bonecos e destes carros e não te esqueças de como se fazem. Quando cresceres vais ensinar os miúdos pequenos a brincar com eles e a fazer outros”.
O Manel estranhou e perguntou, “Mas quando crescer, ainda posso brincar e fazer brinquedos?”. Disse o avô, “Claro, é mesmo uma das coisas mais importantes que tens para fazer quando fores grande”.
O Manel perdeu naquele minuto o medo de crescer, afinal podia brincar mesmo crescido.

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