domingo, 6 de março de 2011

A RESPONSABILIDADE IMATERIAL

No Público de hoje relata-se o extraordinário caso de um grupo de trabalho, da responsabilidade conjunta do Ministério das Finanças e do Ministério da Cultura, que tendo por objectivo proceder ao levantamento dos bens culturais imateriais reuniu uma única vez entre a sua criação em Janeiro de 2010 e a sua exoneração em Dezembro passado sem que tenha elaborado sequer, a introdução do seu trabalho. Os custos com os honorários dos elementos do grupo ascenderam a 209 000€. Na notícia aparecem as referências habituais a falta de condições de trabalho, o enjeitar de responsabilidades ou a negligência dos envolvidos, o costume.
Muito provavelmente este episódio, um de muitos, que ilustra o mundo escondido dos grupos de trabalho, comissões, missões, etc. cairá rapidamente no esquecimento até uma próxima notícia da mesma natureza.
Lamentavelmente, estas notícias já só desencadeiam em nós um sorriso amarelo, já quase não nos causam sobressaltos dada a habituação que causa imunidade.
O que parece tão inaceitável quanto também habitual é que ninguém seja verdadeiramente responsabilizado pela incompetência, pelo desperdício e pela negligência com que a coisa pública é tratada.
Costuma-se dizer que em Portugal a culpa morre solteira, não seria mau de todo, significaria que existia.
Não, a culpa tal como figurava na missão deste grupo de trabalho, é algo de imaterial.

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