domingo, 20 de fevereiro de 2011

O PESSOAL MENTE OU O OFICIAL MENTE

Durante a semana que passou foi divulgada a informação de que dois serviços do ME recusaram apoiar a distribuição pelas escolas de material produzido no âmbito do Programa Inclusão apoiado e financiado pela Comissão para a Cidadania e a Igualdade de Género. Estes materiais destinavam-se a apoiar uma campanha de combate a atitudes e comportamentos discriminatórios relativamente à orientação sexual.
A justificação, segundo o Público, para que a Direcção Geral de Inovação e Desenvolvimento Curricular e o Núcleo de Educação para a Saúde, Acção Social e Apoios Educativos recusem o apoio uma iniciativa que conta com o apoio de outra estrutura pública é o "cariz ideológico" das matérias.
Para além da óbvia confusão entre ideologia e valores, fica estranho como é que a prevenção e combate à atitudes de discriminação face a minorias se possa recusar por se tratar de ideologia. Pela mesma ordem de razões não devem ser incentivadas e muito menos apoiadas pelo ME, acções que, por exemplo, combatam a xenofobia ou o racismo, terão certamente um "cariz ideológico".
Este tipo de decisões para além da evidente incompetência é reveladora de uma assustadora irresponsabilidade. É reconhecida a presença de comportamentos discriminatórios face a minorias de diferente natureza. Sabe-se que tanto como na remediação, importa apostar na prevenção, parece claro que em matéria de prevenção o público mais jovem terá de ser sempre ser um alvo privilegiado, é de "pequenino que se torce o pepino", e é o Ministério da Educação que se opõe a iniciativas que outros organismo públicos julgaram relevantes.
Dito isto, escrevi há dias, sabemos agora que afinal a posição dos técnicos da DGIC não será "oficial" diz a Senhora Ministra. Assim sendo, a Rede Ex-Aequo terá estado com os técnicos do ME apenas para trocar opiniões pessoais sobe a matéria em questão. Pelos vistos, os técnicos, pessoalmente, acharam a coisa assim um bocado para o ideológico pelo que, sempre pessoalmente é claro, não estariam de acordo com o apoio do Ministério à iniciativa, porque, a título "oficial, digo eu, logo se veria. A entidade promotora, certamente perturbada com este comportamento de tipo esquizóide, confusão de identidades, terá percebido que seria a posição do ME, mas não, a Senhora Ministra no seu estilo materno-voluntarista vem revelar "disponibilidade para dialogar e apreciar as propostas".
Não é grave mudar o discurso sobre algo, é uma prova de inteligência, mas este tipo de episódios é mais um contributo para representação negativa sobre a máquina do ME, que muitos de nós entendem dispensável e incompetente, sendo bem mais parte do problema, que das soluções.
É uma outra perspectiva mas algo não me ficou claro, trata-se da posição pessoal da Senhora Ministra ou da posição oficial do Ministério?

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