sábado, 29 de janeiro de 2011

BULLYING, AS RESPOSTAS DE FORA E A FALTA DE RESPOSTAS DE DENTRO

Embora seja de há uns tempos para cá, naturalmente, um dos fenómenos mais mediatizados, o bullying é apenas um dos muitos problemas que as comunidades educativas enfrentam.
Para problemas desta natureza poderemos identificar dois grandes eixos de intervenção por demais conhecidos, a prevenção e a intervenção depois dos problemas ocorrerem. Esta intervenção pode, por sua vez e de forma simplista, assumir uma componente mais de apoio e correcção ou repressão e punição, sendo que podem coexistir.
Com alguma demagogia a propósito do bullying, as vozes a clamar por castigo têm do meu ponto de vista falado mais alto que as vozes que reclamam por dispositivos de prevenção, intervenção e apoio para além da óbvia punição, quando for caso disso. Nos últimos dias foi aprovada a criminalização da violência escolar que, do meu ponto de vista, terá um impacto pouco significativo no universo de problemas.
Vem esta introdução a propósito da informação, referida no Público, de que o Portal sobre o bullying teve durante o seu primeiro ano de funcionamento cerca de 650 000 visitas e respondeu a 700 solicitações.
Esta utilização mostra a necessidade de dispositivos de apoio e orientação absolutamente fundamentais para que pais, professores e alunos possa obter informação e apoio. Lamentavelmente, este serviço é exterior às escolas e ilustra a falta de resposta estruturada e global do sistema educativo, para além de um programa limitado de formação de professores que se encontra em desenvolvimento. A definição de dispositivos de apoio sediados nas escolas, com recursos qualificados e suficientes é, a par de ajustamentos nos modelos de organização e funcionamento das escolas e de uma séria reestruturação curricular, uma tarefa urgente.
Do meu ponto de vista, o argumento custos não é aceitável porque as consequências de não mudar são incomparavelmente mais caras.

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