sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

O TRABALHO EM PORTUGUÊS E MATEMÁTICA

O I de hoje divulga os resultados do Relatório 2010 do Gabinete de Avaliação Educacional e que revelam a inquietante mas não inesperada fragilidade dos alunos entre o 8º e o 12º no domínio dos mecanismos básicos, leitura, interpretação, escrita e educação matemática, traduzida na resolução de problemas. Estes dados vêm arrefecer o entusiasmo emergente dos progressos verificados no âmbito do Programme for International Students Assessment – PISA.
A situação recorrente de resultados aquém do desejado não é um uma questão nova e para além de algumas iniciativas do ME, como o Plano Nacional de Leitura ou o Plano de Acção para a Matemática, as escolas tentam através de dispositivos de apoio próprios minimizar as dificuldades de muitos alunos. Dado o volume de dificuldades e os recursos das escolas, estas iniciativas acabam, necessariamente, por ter como destinatários menos alunos do que o justificado.
A este propósito e também por outras razões, tenho com alguma frequência expresso a urgente necessidade de ajustamentos sérios nos conteúdos e organização curricular.
Se repararmos no caso do 2º e 3º ciclo, os alunos para uma base de 25,5 horas semanais de trabalho têm 3 horas de Português, repito 3 horas de Português e 3 horas de Matemática. Não cabe aqui uma análise mais aprofundada, mas apenas por comparação e no 2º ciclo existem 3 horas de Educação Visual e Tecnológica e 2 horas e 15 m de Inglês.
Creio que de uma forma geral se entende que o correcto domínio da língua de trabalho, o português, é um requisito fundamental para as aprendizagens em todas as áreas curriculares, bem como a literacia matemática, base do conhecimento científico. Não se compreende, portanto, o pouco peso curricular dado ao português e à educação matemática, sobretudo no 2º ciclo em pleno processo de aquisição das ferramentas básicas de domínio da língua nas suas várias dimensões.
Creio que independentemente da boa vontade de escolas e docentes ou de planos de natureza supletiva, a questão central remete para mais e melhor trabalho em dois domínios essenciais, a língua portuguesa e a educação matemática.

2 comentários:

Anónimo disse...

O argumento da carga horária empregue em disciplinas artísticas ou de índole tecnológica não é comprometedor da aprendizagem da língua. A língua é "traduzida" por imagens e a escrita é desenho.

Zé Morgado disse...

Meu caro, não é um argumento, é um dado comparativo, não escrevi que deveriam ser diminuídas a carga horária das disciplinas artísticas ou de natureza tecnológica.