terça-feira, 2 de novembro de 2010

O ORÇAMENTO DO ESTADO E O ORÇAMENTO DAS FAMÍLIAS

A agenda política e mediática continua marcada pelo Orçamento do Estado cuja discussão hoje se inicia e com aprovação garantida como desde sempre era previsível.
No entanto as grandes questões que em matéria orçamental se colocam prendem-se com os orçamentos das famílias, ou seja, a forma como cada agregado familiar vai viver ou melhor, sobreviver.
Diariamente a imprensa divulga dados sobre o impacto que as restrições orçamentais e a crise já instalada, designadamente a tragédia do desemprego, estão a assumir no quotidiano dos portugueses, da maioria dos portugueses.
Como talvez se lembrem corre em 2010 o Ano Europeu de Luta contra a Pobreza e a Exclusão Social.
No JN de hoje pode ler-se que "o Banco Alimentar Contra a Fome já presta apoio a mais 40 mil pessoas e 750 instituições do que no ano passado. Ao todo já são cerca de 300 mil aqueles que recebem auxílio alimentar daquela instituição. As Misericórdias Portuguesas viram os utilizadores das suas cantinas aumentar entre 200 a 250%. E não há dia que passe sem que recebam pelo menos um ou dois pedidos de ajuda de pessoas empregadas que procuram cabazes alimentares. "Efectivamente, nos últimos tempos temos tido muitos mais pedidos de ajuda alimentar", confirma, por seu lado, Eugénio Fonseca, presidente da CARITAS."
Quando sabemos que se vão verificar cortes substantivos nos apoios sociais creio que se levanta uma questão inquietante, como vai ser o futuro próximo de mais de dois milhões de portugueses já em risco de pobreza e dos cerca de 30% das famílias que vivem encostadas ao limiar de pobreza.
Mais inquietante se torna ainda a quase ausência de referência nos discursos políticos ao que efectivamente espera muitas das famílias portuguesas e como irá a comunidade lidar as dramáticas situações que já acontecem e as muitas que se adivinham.

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