terça-feira, 23 de novembro de 2010

NA CAMA QUE FARÁS, NELA TE DEITARÁS

Este conhecido provérbio era repetidamente enunciado pelo meu pai quando sentia a necessidade de me chamar a atenção para a responsabilidade que eu tinha na construção do futuro que iria ser o meu. Talvez não partíssemos do mesmo ponto de vista, mas o meu pai sentia muitas vezes essa necessidade e eu lá ouvia pela enésima vez o ditado.
Vem esta introdução a propósito da dificuldade que hoje muito deverão sentir na construção do futuro. Dito de outra maneira, a feitura de uma boa cama não parece tarefa nada fácil.
O que nós temos vindo a fazer com o mundo que recebemos não permite que sejamos particularmente optimistas com o mundo que vamos deixar aos mais novos. A definição de projectos de vida que contemplem realização profissional, constituição de família e parentalidade, tanto quanto possível num patamar satisfatório em termos de qualidade de vida poderão parecer uma miragem para muitos jovens deste tempo. De facto, em resultado desta dificuldade assistimos ao prolongamento da estadia em casa dos pais, ao adiar quando não ao recusar a paternidade ou maternidade, a precariedade e vulnerabilidade nas carreiras profissionais, etc.
Nos tempos que correm parece difícil fazer os jovens acreditar que depende deles a construção da cama onde se deitarão.
Parece-me, aliás, que mais cedo ou mais tarde e de forma mais ou menos pacífica, nos começarão a cobrar pela falta de qualidade da cama que nós fizemos e onde eles agora ganham imensas dores e não conseguem descansar. Que desculpa lhes iremos dar?

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