terça-feira, 19 de outubro de 2010

TUDO SE COMPRA, TUDO SE VENDE, ATÉ AS PESSOAS

A agenda das consciências marca para hoje a preocupação com o Tráfico de Seres Humanos que segundo o Alto-comissário das Nações Unidas para os Refugiados gera um negócio de 2,5 mil milhões de euros na União Europeia e tem como vítimas mais comuns mulheres e crianças. Segundo o relatório há tempo divulgado do Observatório do Tráfico de Seres Humanos (OTSH), 84 pessoas foram sinalizadas no último ano em Portugal como eventuais vítimas de tráfico de seres humanos. Com alguma dramática frequência são também conhecidos casos de cidadãos portugueses que se encontram em situação de escravatura em explorações agrícolas espanholas.
Parece estranho como é possível em tempos actuais, em sociedades desenvolvidas ou consideradas como tal, a existência de tráfico de pessoas.
Este negócio, um dos mais florescentes e rentáveis em termos mundiais, alimenta-se da vulnerabilidade social, da pobreza e da exclusão o que, como sempre, recoloca a imperiosa necessidade de repensar modelos de desenvolvimento económico que promovam, de facto, o combate à pobreza e, caso evidente em Portugal, às escandalosas assimetrias na distribuição da riqueza.
As pessoas, muitas pessoas, apenas possuem como bem, a sua própria pessoa e o mercado aproveita tudo, por isso, compra e vende as pessoas dando-lhe a utilidade que as circunstâncias, a idade, e as necessidades de "consumo" exigirem.
O que parece ainda mais inquietante é o manto de silêncio e negligência com que este drama.

Sem comentários: