quinta-feira, 19 de agosto de 2010

ESCOLAS GRANDES, PROBLEMAS MAIORES

Porque continua na agenda e me parece justificar-se, aqui se retomam algumas notas de há algum tempo.
Muitas das questões que se colocam em educação, como noutras áreas, independentemente da reflexão actual, solicitam algum enquadramento histórico que nos ajudem a melhor entender o quadro temos no momento. Durante décadas de Estado Novo, tivemos um país ruralizado e subdesenvolvido. Em termos educativos e com escolaridade obrigatória a ideia foi “levar uma escola onde houvesse uma criança”. Tal entendimento minimizava a mobilidade e a abertura sempre evitadas. No entanto, como é sabido, os movimentos migratórios e emigratórios explodiram e o interior entrou em processo de desertificação o que, em conjunto com a decisão de política educativa referida acima, criou um universo de milhares de escolas, sobretudo no 1º ciclo, pouquíssimos alunos. Como se torna evidente e nem discutindo os custos de funcionamento e manutenção de um sistema que admite escolas com 2, 3 ou 5 alunos, deve colocar-se a questão se tal sistema favorece a função e papel social e formativo da escola. Creio que não e a experiência e os estudos revelam isso mesmo.
É também verdade que muitas vezes se afirma que a “morte da escola é a morte da aldeia”. No entanto, creio que será, pelo menos de considerar, que os modelos de desenvolvimento económico e social possam começar a matar as aldeias e, em consequência, liquidam os equipamentos sociais, e não afirmar sem dúvidas o contrário.
Por outro lado, a concentração excessiva de alunos não ocorre sem riscos. Para além de aspectos como distância a percorrer, tipo de percurso e apoio logístico importa não esquecer que escolas demasiado grandes são mais permeáveis a insucesso escolar, absentismo, problemas de indisciplina e outros problemas de natureza comportamental.
Neste cenário, a decisão de encerrar escolas não deve ser vista exclusivamente do ponto de vista administrativo e económico, não pode assentar em critérios cegos e generalizados esquecendo particularidades contextuais e, sobretudo, não servir como tudo parece servir em educação, para o jogo político.
Neste processo, o ME estabeleceu como média os 1700 alunos e como limite os 3000. Estes números são completamente comprometedores da qualidade e, portanto, inaceitáveis.
De há muito que se sabe que um dos factores mais contributivos para o insucesso, absentismo e problemas de disciplina é o efectivo de escola. Não é certamente por acaso, ou por desperdício de recursos, que os melhores sistemas educativos, lá vem a Finlândia outra vez, e os Estados Unidos que na luta pela requalificação da sua educação, optam por estabelecimentos educativos que não ultrapassam a dimensão média de 500 alunos. Sabe-se, insisto, de há muito que o efectivo de escola está mais associado aos problemas que o efectivo de turma, ou seja, simplificando, é pior ter escolas muito grandes que turmas muito grandes.
As escolas grandes, com a presença de alunos com idades muito díspares, são autênticos barris de pólvora e contextos educativos que dificilmente promoverão sucesso e qualidade apesar do esforço de professores alunos, pais e funcionários.
Não conheço nenhuma justificação de natureza educativa que sustente a existência vantajosa de escolas grandes. A razão para a sua criação só pode, pois, advir da vontade de controlo político do sistema, menos escolas envolvem menos directores ou de questões economicistas que a prazo se revelarão com custos altíssimos pela ineficácia e problemas que se levantarão.
O bem-estar educativo dos miúdos é demasiado importante.

1 comentário:

Joaquim Ferreira disse...

Convém encerrar as escolas. Já se encerraram os centros de saúde... As Urgências dos hospitais, as maternidades...
Pouco a pouco o país vai ficando deserto... Os que ainda vão por lá ficando já nem chegam apra ajudar a combater os incêndios. Depois vai-se expropriar os terrenos de quem foi obrigado a sair da aldeia para poder ter acesso à escola em igualdade de oportunidades... Ou será que há alguma igualdade de oportunidades de aprendizagem nas novas MEGA estruturas escolares quando UNS GASTAM 5 minutos no percurso casa-escola e outros SÓ PERDEM VINTE VEZES MAIS TEMPO, roubando-lhes ao sono pela manhã, aumentando-lhes o cansaço à chegada à escola...?
Sócrates e os Socialistas, que desde 1995 governaram o país durante mais de 80% do tempo, vão destruindo o pouco que resta do país... Devagar, devagarinho dói muito menos! Aliás, é como o pagamento em prestações: quase nem se sente. Portugal desperta sempre muito tarde!
Arde a montanha e gasta-se milhões e milhões para combater os incêndios.
Só "pategos" podem pensar que ao poupar no ministério da saúde (fechando serviços de saúde!) e aforrando na educação (fechando escolas) se está a gerir bem a coisa pública. Nada mais primário e irrealista. Os custos da desertificação estão aí... E tendem a agravar-se!
A verdade é que agora será o Ministério do Ambiente e o da Agricultura e Ordenamento do Território que vai pagar aos combatentes de incêndios (mais do que evitáveis se as zonas estivessem povoadas e reflorestadas com equilíbrio cinegético!).
O problema é que os políticos dos diferentes partidos tratam das suas vidinhas e põe-se na alheta. As populações ficam e cada vez com menos condições para continuar nas zonas mais interiores do país. Só lhes resta emigrar ou deslocar-se para o litoral. Da agressividade escolar à desvinculação dos laços familiares (crianças afastadas da família quase a tempo inteiro!) até aos roubos, assaltos e assasinatos, o caminho está a trilhar-se. Fecham-se escolas, mandam-se professores para o desemprego mas abrem-se esquadras e admitem-se mais polícias... Bom caminho, podem crer.
E assim, vamos vendo o país caminhar para o abismo.
Mais uns anitos com Sócrates no Governo e lá vão arranjar um lugarzinho no Alto Comissário para os Refugiados (como fizeram ao nosso refugiado que nem 3% do PIB sabia calcular!)
Pobre povo. Mas, não se pode lamentar. Tem em Lisboa quem escolheu para governar! Não tem de que se queixar... Aliás, o senhor que nos comanda é muito mais do que doutor: o Homem é engenheiro! Que mais poderíamos querer para o país?
Resta-nos contribuir para abrir os olhos ao povo... Por isso, desafio-vos a visitar "Legislatura de Sócrates - A tempestade Perfeita !" ou então "Quando o Destino é o Abismo..."
"Que Trio de Incompetentes"
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